Porto Velho, RO - Será que agora a obra vai mesmo se tornar realidade? Depois de décadas desde seu primeiro planejamento; depois de pelo menos seis governadores (Valdir Raupp, José Bianco, Ivo Cassol, Confúcio Moura, Daniel Pereira e Marcos Rocha) e cinco mandatos presidenciais (Lula duas vezes, Dilma uma vez e meia; Michel Temer e Jair Bolsonaro), mais uma vez é anunciado o início de uma das obras mais importantes para Rondônia e a região de fronteira: a ponte binacional, ligando Guajará Mirim à Bolívia e encurtando nosso caminho para o Pacífico.

A confirmação da autorização para a ponte, inicialmente orçada em cerca de 400 milhões de reais, sobre o rio Mamoré, foi dada nesta segunda-feira pelo superintendente do Dnit para Rondônia e Acre, André Lima dos Santos, após receber o sinal verde do diretor de Planejamento e Pesquisa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), o também rondoniense Miguel de Souza. Durante várias gestões no governo do Estado, houve sempre batalhas importantes pela obra.

Ela chegou a quase ser concretizada quando o na época ex-governador e senador Valdir Raupp tomou à frente do esforço que já vinha de anos, tentando tornar a ponte uma realidade.

Em dezembro de 2010, por exemplo, ele fazia um discurso no Senado, lembrando da dívida de mais de um século.

“O Presidente da República do nosso país, Luiz Inácio Lula da Silva, fez um compromisso com o Presidente boliviano Evo Morales, para pagar uma dívida centenária. Segundo o Tratado de Petrópolis, firmado em 1903 (um tratado que em 2010 já tinha 107 anos) o Brasil se comprometeu a dar à Bolívia, depois das guerras da Bolívia com o Peru e com o Chile, que a impediram de escoar os seus produtos pelo portos do Oceano Pacífico, uma saída ao Atlântico. E esta saída seria via La Paz, Riberalta, Guayaramerín e Guajará”.

Dez anos depois, o também ex-governador e então senador Ivo Cassol comemorava que “nos próximos 60 dias, deve ser licitada a ponte internacional em Guajará”, o que, para lamento dele, até hoje não ocorreu.

O mundo empresarial vibra com a nova notícia de que, enfim, há uma luz no fim do túnel para que a nova ponte 1.023 metros seja construída.

Um dos maiores empreendedores do Estado e que tem grandes negócios com os bolivianos, César Cassol, diz que a construção da ponte “representará um salto nos negócios, um avanço econômico de grande proporção, quase inacreditável”.

Com a ponte, lembra César, o caminho para o Pacífico será ainda mais encurtado, permitindo não só negócios com nossos vizinhos próximos, mas também com países do outro lado do maior oceano do mundo.

Nossas exportações poderão dar um salto, a um custo muito menor de transporte, assim como poderemos importar muitos produtos da Ásia, por exemplo.

Em relação à Bolívia, venderemos de tudo e compraremos principalmente ureia e potássio, que hoje precisamos importar da Rússia.

A pergunta é: desta vez as obras vão começar mesmo ou será apenas mais uma promessa ao vento, como várias vezes no passado?

Fonte: SÉRGIO PIRES