
Apoiadores de Camacho tentam bloquear partidas do aeroporto de Viru Viru em Santa Cruz, Bolívia STRINGER / AFP
Porto Velho, RO - Luis Fernando Camacho, governador do departamento de Santa Cruz, o estado mais rico da Bolívia, foi preso nesta quarta-feira pela polícia por ordem de um procurador, informou o ministro do Interior, Eduardo del Castillo. Camacho é ferrenho opositor do presidente Luis Arce e foi um dos principais articuladores do movimento que em 2019 levou à renúncia de Evo Morales, de quem Arce foi ministro da Economia.
— Informamos ao povo boliviano que a polícia boliviana cumpriu a ordem de prisão contra o senhor Luis Fernando Camacho — disse Del Castillo, sem especificar os crimes dos quais ele é acusado.
Camacho tem duas investigações contra ele: uma por ser considerado peça-chave na queda de Morales, que um julgamento realizado já no governo de Arce considerou ter sido um golpe de Estado, e outra por promover protestos regionais entre outubro e novembro deste ano contra o adiamento do censo populacional boliviano.
Os protestos, que incluíram 36 dias de bloqueios de estradas, terminaram com um acordo entre a oposição e o governo que garantiu a realização do censo a tempo de que a distribuição das cadeiras no Congresso segundo os números atualizados das populações das regiões bolivianas seja feita antes das eleições legislativas e presidenciais de 2025.
Segundo a imprensa local, o governador da região mais populosa da Bolívia foi transferido para o aeroporto de Santa Cruz, a fim de ser levado para La Paz.
"Neste momento, não se sabe o paradeiro do governador, pelo que responsabilizamos o governo do presidente Luis Arce pela segurança física e pela vida dele", disse o gabinete de Camacho em comunicado. "O governador de Santa Cruz foi sequestrado, em uma operação policial totalmente irregular e levado em direção desconhecida."
Depois de saber da prisão de Camacho, dezenas de seus apoiadores lotaram os dois aeroportos de Santa Cruz — o aeroporto internacional Viru Viru e o aeroporto doméstico Trompillo — gritando que não permitiriam a transferência do governador para La Paz e exigindo a sua libertação, segundo imagens do canal de televisão Unitel. Em El Trompillo, os manifestantes ainda forçaram uma guarda militar a abandonar suas funções de segurança.
Camacho é um dos principais líderes de direita da Bolívia e comanda o segundo maior bloco da oposição no Parlamento, o Acreditamos, atrás apenas do partido Comunidade Cidadã (CC), do ex-presidente Carlos Mesa. O Movimento ao Socialismo (MAS), liderado por Arce e Morales, é a principal força legislativa.
Um superpuma dos Red Devils, em "apoio ao Ministério do Governo", trocou Viru Viru pelo Chimoré

Às 14h11, saiu o primeiro alerta de que o governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, foi interceptado por policiais à paisana que, após agredir o motorista, tomaram a primeira autoridade em Santa Cruz sem destino conhecido. Vinte e um minutos depois, um superpuma dos Red Devils decolou do aeroporto de Viru Viru, segundo relatório da III Brigada Aérea.
O documento, ao qual EL DEBER teve acesso, é datado de 28 de dezembro de 2022 e indica que a aeronave decolou às 14h32 e pousou em Chimoré (Cochabamba) às 15h30.
O relatório da unidade militar dependente da Força Aérea Boliviana indica que a tripulação era composta por três capitães e dois sargentos e que o voo era "em apoio ao Ministério de Governo".
Violência durante a captura
“Atiraram contra a viatura, deram-me pontapés, levaram-me todas as coisas, como se estivessem a agredir (…)”, disse o condutor de Camacho quando chegou ao aeroporto a tentar perseguir as viaturas policiais.
O grupo Los Lobos do Grupo de Inteligência e Operações Especiais (GIOE), da Força Especial de Combate ao Narcotráfico, realizou a operação para prender o governador.
Esta informação foi confirmada ao EL DEBER por policiais da Felcn, que solicitaram a reserva de seus nomes. Eles garantiram que esse grupo especial operava com armas longas, que costumam ser usadas em operações de alto risco para combater as máfias do narcotráfico.
Até o momento (16h desta quarta-feira), nenhuma autoridade informou para onde foi transferido o governador de Santa Cruz , que tinha um mandado de prisão para que ele comparecesse para depor na cidade de La Paz devido à crise de 2019. e, recentemente, ele havia sido acusado de "terrorismo" pela greve de 36 dias.


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