Petista tem apoio de Ciro e deve receber o de Tebet; presidente conquistou apoio de governadores de SP, RJ e MG

Porto Velho, RO -
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) procuram partidos e figuras políticas depois da votação do último domingo (2) ter levado a corrida presidencial ao segundo turno.

Três dias após o pleito, Bolsonaro selou acordo com governadores de três estados do Sudeste, a região com o maior número de eleitores no país. Já Lula obteve a adesão de Fernando Henrique Cardoso e do PDT de Ciro Gomes.

O ex-presidente Luiz Inácio

Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) - Pedro Ladeira - 12.jun.22/Folhapress e Gabriela Biló - 25.ago.22/Folhapress

LULA

PARTIDOS

PDT
A condição do apoio foi a incorporação de três propostas de Ciro Gomes (PDT), que não foi ao segundo turno da corrida presidencial, a um eventual governo de Lula: o programa para zerar dívidas do SPC, o plano de renda mínima e o projeto de educação em tempo integral. Após conversa entre os presidentes das siglas, Carlos Lupi (PDT) e Gleisi Hoffmann (PT), o partido anunciou apoio a Lula.


Ciro, que fez uma campanha com ataques a Lula e com a estratégia de equiparar o petista a Bolsonaro, endossou a decisão da sigla, mas o apoio foi tímido. "Frente às circunstâncias, é a última saída", disse em um vídeo em que não cita Lula. "Não pleiteio nem aceitarei qualquer cargo em eventual futuro governo."

Cidadania
O partido, federado ao PSDB e parte da coligação de Simone Tebet (MDB), apoiou Lula. A reunião em que a decisão foi tomada contou com a participação dos 19 membros da sua executiva nacional. Apenas três integrantes foram contrários ao apoio, defendendo a neutralidade. Nenhum advogou a favor de Bolsonaro.

POLÍTICOS

Fernando Henrique Cardoso
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) declarou, na manhã desta quarta (5), apoio a Lula. "Neste segundo turno voto por uma história de luta pela democracia e inclusão social. Voto em Luiz Inácio Lula da Silva", escreveu FHC no Twitter.

José Serra
O senador do PSDB, que já perdeu a disputa pela Presidência para Lula, em 2002, e para Dilma, em 2010, votará no petista na corrida nacional e em Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato de Bolsonaro, na eleição para o Governo de São Paulo. Uma dos principais líderes da história do partido, Serra não conseguiu se eleger deputado federal no pleito deste ano.

Helder Barbalho

Reeleito governador do Pará, Helder foi o candidato ao cargo proporcionalmente mais bem votado do país no primeiro turno. "Parece claro haver uma sintonia do MDB com o presidente Lula", disse, em entrevista à Folha, um dia antes do petista publicar agradecimento pelo apoio. "Vamos juntos pelo bem do Pará e do Brasil!", publicou Lula.



Tasso Jereissati

Outro senador do PSDB, Tasso Jereissati afirmou, antes de se reunir com correligionários, que defenderia o apoio do partido ao petista. "Minha opinião, não é necessariamente a do partido, é que temos de ir com Lula. Nesses quatro anos, vi a quantidade de absurdos que aconteceram no governo Bolsonaro". Em reunião posterior, o partido optou pela neutralidade.

Simone Tebet
Simone Tebet, presidenciável do MDB derrotada no primeiro turno, selou acordo com Lula em um almoço na capital paulista. Logo depois, a senadora fez um pronunciamento onde oficializou o apoio. "O que está em jogo é muito maior do que cada um de nós", disse. A sinalização abriu uma disputa no partido.

BOLSONARO

Ronaldo Caiado
O governador reeleito de Goiás firmou acordo com o presidente e deve anunciar o apoio oficial ainda nesta quarta (5).

Romeu Zema
Zema, reeleito governador de Minas Gerais no primeiro turno, anunciou que apoia a reeleição de Bolsonaro. O político do Novo tinha se mantido neutro em sua campanha para vencer em um estado que deu preferência a Lula no primeiro turno. Minas Gerais é o segundo maior colégio eleitoral do Brasil.

Rodrigo Garcia
O governador de São Paulo fez uma campanha baseada na crítica à polarização e às brigas políticas. Dois dias após o primeiro turno, ofereceu "apoio incondicional" às candidaturas de Bolsonaro na Presidência e de Tarcísio no governo do estado. A decisão irritou parte dos tucanos, que criticaram a tomada de decisão individual, sem consulta aos integrantes da campanha.

Ratinho Júnior

Após ser reeleito no primeiro turno para o Governo do Paraná, Carlos Massa Ratinho Júnior (PSD) vai apoiar Bolsonaro. A decisão já era esperada. Durante a pandemia, por exemplo, o político não endossou manifestações coletivas de governadores que cobravam atuação mais firme do presidente no enfrentamento à crise sanitária.

Duarte Nogueira
Prefeito de Ribeirão Preto, cidade no interior de São Paulo, o político do PSDB apoiou Bolsonaro à Presidência e Tarcísio ao governo do estado. "Político precisa ter lado. Apoiei e votei nos meus candidatos no primeiro turno. Agora declaro apoio ao presidente Bolsonaro e ao governador Tarcísio de Freitas", disse. Ele justificou a decisão citando a pauta anticorrupção.

Sergio Moro
Moro declarou apoio a Bolsonaro, de cujo governo pediu demissão após ser informado da troca da diretoria-geral da Polícia Federal, ocupada na época por Maurício Valeixo. "Lula não é uma opção eleitoral, com seu governo marcado pela corrupção da democracia. Contra o projeto de poder do PT, declaro, no segundo turno, apoio a Bolsonaro", afirmou.

Deltan Dallagnol
Deputado federal mais votado do Paraná nessas eleições, o ex-procurador da Lava Jato declarou voto em Bolsonaro. "Vou fazer oposição à candidatura do Lula ou ao seu governo", disse em um vídeo publicado no Instagram. "Nós precisamos unir o centro e a direita no Congresso."

QUEM FALTA SE POSICIONAR

União Brasil
Dirigentes do partido divergem sobre o rumo no segundo turno. De acordo com líderes da sigla, a maioria tende a apoiar Bolsonaro, mas o respaldo ao chefe do Executivo esbarra em duas figuras-chave: Luciano Bivar, presidente da legenda, e ACM Neto, candidato ao Governo da Bahia e secretário-geral da legenda.

QUEM DECLAROU NEUTRALIDADE

PSDB

O partido libertou seus filiados para apoiarem Lula ou Bolsonaro após o primeiro turno. Quadros importantes da sigla, como José Serra e Fernando Henrique Cardoso, apoiaram o petista. Outros tucanos, como o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, apoiaram Bolsonaro.

MDB

Na nota que divulgou a decisão dos partidos de liberar o apoio dos filiados no segundo turno, a legenda afirma que cobrará do vencedor a "defesa intransigente da Constituição de 1988 e do Estado Democrático de Direito".

João Doria

Após eleger-se ao Governo de São Paulo com a campanha BolsoDoria em 2018 e romper com o presidente ao longo do mandato, o empresário afirmou que se manterá neutro na escolha entre Lula e Bolsonaro e também entre Haddad e Tarcísio. Ele cobrou que Lula e Bolsonaro apresentem suas propostas de governo.

Mara Gabrilli

Após o partido liberar os filiados em relação a apoio no segundo turno, Mara Gabrilli, que foi candidata à Vice-Presidência na chapa de Simone Tebet (MDB), disse que não dá seu voto para nenhum dos dois candidatos. "Fico ao lado dos brasileiros e apoiarei o governo que defender meus ideais de país: inclusão, ciência, combate à corrupção, à fome e desigualdade. Serei oposição sensata. Serei sempre construção", escreveu no Twitter.

APOIO DOS CANDIDATOS A GOVERNOS

Lula começa o segundo turno das eleições presidenciais com o apoio da maioria dos candidatos a governador que também permanecem na disputa em seus estados. Dos 24 candidatos que disputam o segundo turno em 12 estados, dez apoiam o petista, nove estão com Bolsonaro e outros cinco ainda não indicaram qual posição devem adotar em 30 de outubro.


Fonte: Folha de São Paulo