Jornalista Carlos Sperança 

Um País dividido

Uma das causas do atraso e da piora nos níveis de pobreza, a polarização eleitoral – não ideológica, pois os dois lados são variações liberais – desune o país, dissipa energias e não resolve o grave problema da péssima imagem do Brasil no exterior. Espera-se que um choque de juízo alcance todos os governantes eleitos entre 2 e 30 de outubro e cada líder consagrado nas urnas assuma o papel de comandante da nação ou de seu Estado. Conciliar o País é o desafio do presidente eleito nos próximos quatro anos.

Não se deixando manipular por seitas fanáticas nem bolhas rancorosas, espelhando-se na jurada Constituição, precisarão governar para todos, sobretudo os brasileiros que mais sofrem e em 2023 ficarão sem os auxílios emergenciais que impediram a economia de desabar durante os impactos da epidemia.

Claro reflexo da desunião brasileira é o descompasso entre a União e os estados nos preparativos para a conferência do clima da ONU (a COP27), a se realizar no Egito de 6 a 18 de novembro. Depois das eleições, mas ainda nos atuais governos federal e estaduais, o Brasil chegará lá dividido em três.

Haverá um stand do governo federal com os ministérios exibindo maravilhas, outro de ongs mostrando outro lado e os estados amazônicos focando em sustentabilidade e mecanismos para assegurá-la. A desunião precisa ser superada, mas vale prestar atenção a cada um para extrair seu melhor, desde que a síntese seja uma bioeconomia resolutiva e vencedora.

Eleições 2022

Luís Inácio Lula da Silva (PT) vencendo o presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) num resultado apertado, o governador de Rondônia Marcos Rocha reeleito com uma boa margem de votos contra o adversário Marcos Rogério e o delegado Flori eleito prefeito de Vilhena com larga vantagem sobre Rosani Donadon. Foi o que rolou domingo quando os rondonienses foram as urnas. Novamente as pesquisas falharam, que apontavam uma vitória mais confortável do candidato petista ao Planalto, uma vantagem de Marcos Rogério ao CPA em Rondônia e sondagens contraditórias na eleição suplementar a prefeito em Vilhena.

Em Rondônia

Para derrotar o adversário Marcos Rogério, favorito no segundo turno e a frente nas pesquisas era necessário o governador Marcos Rocha ampliar a vantagem na capital e reduzir ou até virar resultados no interior. E foi isto que aconteceu. Rocha aumentou a vantagem em Porto Velho e obteve resultados positivos na região de Ji-Paraná (na casa de Marcos Rogério) e no Cone Sul rondoniense polarizada por Vilhena, casa do desafeto Bagatolli. Uma bela vitória, uma reviravolta sensacional, um grande resultado das forças de coalizão palacianas. De virada.

As alianças

Mesmo com desempenhos ruins nos debates – menos no último onde encarou o loquaz Rogério de frente - com o estado tendo a saúde deficiente e a segurança padecendo, o governador Marcos Rocha garantiu a reeleição. Fruto das alianças no segundo turno, onde somou os apoios de Leo Moraes, do clã Cassol, acertando o marketing e sobretudo utilizando a formula que reelegeu os ex-governadores Ivo Cassol e Confúcio Moura: a economia vicejando, com pagamento em dia dos servidores, dos fornecedores, PIB rondoniense em alta, etc. Com isto, mais um governador reeleito. Não se muda time que está vencendo.

Tudo conspirando

Pense numa estrela brilhando desde 2018 quando virou o jogo contra Maurão e Expedito. O ex-governador Ivo Cassol, favorito para a eleição acabou impedido de concorrer. O ex-governador Confúcio Moura constatou que o mar não estava para peixe e desistiu. Num cenário com os ex-governadores na peleja Rocha teria dificuldades até de galgar o segundo turno. Sem Cassol e Confúcio nas paradas, tudo conspirou favoravelmente para uma vitória de Rocha. Mas ela aconteceu também na competência das articulações para o segundo turno, numa política de alianças bem-sucedida nas urnas.

Via Direta

*** Passadas as eleições as atenções se voltam para a escolha do novo presidente da Assembleia Legislativa de Rondônia e do novo coordenador da bancada federal na Câmara dos Deputados *** As movimentações neste sentido já começaram pelos bastidores e logo em seguida, a partir do início do ano, a classe política vai se voltar para as eleições municipais de 2024 *** Novos empreendimentos já operando em Porto Velho. Desde lojas de varejo ao lançamento de condomínios de apartamentos verticais e horizontais *** Quem faz turismo na zona ribeirinha reclama dos enormes barrancos a serem escalados para tomar embarcações. Imaginem os pobres agricultores que tem que se espichar no dia a dia para transportar seus produtos para vender na cidade ***

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