Segundo levantamento do Metrópoles, depois do União Brasil, o MDB é o partido que mais tem candidatos à frente das corridas estaduais

Porto Velho, RO - A menos de um mês das eleições, o panorama das disputas estaduais começa a ficar mais definido para o eleitorado brasileiro. Segundo um levantamento feito pelo Metrópoles com base em pesquisas de intenção de voto divulgadas pelo Instituto Ipec na última semana, o União Brasil é o partido que mais tem candidatos à frente das corridas estaduais. A reportagem considerou todas as 27 unidades da Federação.

Ao todo, o União Brasil lidera a disputa em sete estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Piauí e Rondônia. O partido foi criado em 2021, resultado da fusão entre PSL e DEM – uma estratégia “muito bem acertada”, segundo Rodolfo Tamanaha, professor de ciências políticas do Ibmec Brasília.

“Foi uma sigla que conseguiu, em várias circunstâncias, abocanhar a maior parte do Fundo Eleitoral e, por conta disso, passou automaticamente a ter uma relevância gigantesca no cenário eleitoral”, explica o docente.

Já o MDB é a segunda legenda com o maior número de candidatos à frente das pesquisas eleitorais nos estados – Alagoas, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Pará. A sigla é considerada da “velha guarda” na política brasileira. Apesar disso, a influência do partido continua grande.

Tamanaha relaciona o bom desempenho do MDB à experiência política do partido – que, apesar de não integrar oficialmente o chamado Centrão, em negociações estratégicas costuma estar alinhado ao governo federal. “Isso demonstra a grande habilidade que o Centrão tem de fazer política sem necessariamente se vincular com o posicionamento de Bolsonaro ou de Lula, por exemplo”, pontua.

“O Centrão, afinal de contas, gosta de disputar as eleições estaduais e indicar pessoas para cargos. Por isso que ele tem essa maleabilidade. Se Lula de fato for eleito, o Centrão rapidamente vai poder negociar com ele uma posição. E, se for o caso de uma reeleição do Bolsonaro, a gente deve ver o Centrão renovar [a parceria com o presidente] ou até aumentar a régua para continuar apoiando o governo”, acrescenta o especialista.

Em terceiro lugar entre partidos com mais candidatos no topo das pesquisas eleitorais, aparece o PSB, que hoje lidera a corrida nos estados do Espírito Santo, do Maranhão e da Paraíba. A legenda integra a coligação do PT, sigla de Luiz Inácio Lula da Silva, que disputa o Palácio do Planalto contra Jair Bolsonaro, do PL.

Partidos como Novo, PSD e PSDB estão na lanterna das pesquisas eleitorais, liderando em apenas um estado cada um. Os estudos utilizados nesta reportagem podem ser acessados aqui.

Abaixo, veja como está a situação em cada estado:


Divulgação

Coligações de Lula e Bolsonaro

De forma individual, as siglas de Bolsonaro e Lula patinam na corrida pelas lideranças estaduais em relação ao União Brasil, por exemplo. Atualmente, o PL comanda as pesquisas eleitorais nos estados do Rio de Janeiro – reduto eleitoral do atual presidente da República – e de Sergipe. Já o PT tem a liderança no Rio Grande do Norte e em São Paulo.

Apesar disso, se consideradas as coligações criadas pelos dois partidos, a situação é diferente. A coligação “Pelo Bem do Brasil”, que reúne PP, PL e Republicanos, aparece com seis candidatos à frente das corridas estaduais:

  • PP: Acre e Roraima
  • PL: Rio de Janeiro e Sergipe
  • Republicanos: Santa Catarina e Tocantins

Já a coligação de Lula, “Brasil da Esperança”, que tem PT, PCdoB, PV, Solidariedade, PSol, Rede, PSB, Agir, Avante e Pros em sua composição, tem a liderança de sete estados, segundo as pesquisas eleitorais:

  • Solidariedade: Amapá e Pernambuco
  • PSB: Espírito Santo, Maranhão e Paraíba
  • PT: Rio Grande do Norte e São Paulo

Professor de ciências políticas do Ibmec Brasília, Rodolfo Tamanaha chama a atenção para a possibilidade de que o cenário estadual indique os rumos da disputa nacional. “Eu acho que a polarização nacional se replica em certa medida também nos estados. A eleição estadual é, sim, importante para as pessoas que moram ali na região, mas a grande política é a eleição presidencial. Então, necessariamente, isso acaba influenciando e é algo natural”, avalia.

“O que se tem nas eleições atuais é que ou você é ‘lulista’ ou ‘bolsonarista’. A partir disso, você cola essas marcas nos outros candidatos — no caso, no nível estadual — para refletir no cenário nacional, contribuindo para um ambiente cada vez mais polarizado”, conclui Tamanaha.

Fonte: Diário da Amazônia