“Índio Tanaru” ou “Índio do Buraco” vivia sozinho e isolado há quase 30 anos

Porto Velho, RO - A Funai (Fundação Nacional do Índio) encontrou sem vida o indígena conhecido como “Índio Tanaru” ou “Índio do Buraco” na última terça-feira (23). Ele vivia sozinho e isolado há quase 30 anos em Rondônia. A Fundação confirmou a morte na tarde do último sábado (27).

De acordo com a Funai, agentes, que fazem ronda e monitoram a área onde o indígena vivia, encontraram o corpo dentro da rede que ele usava para dormir.

Além disso, o órgão informou que a PF (Polícia Federal) esteve no local e realizou a perícia. A princípio, não havia vestígios da presença de pessoas no local. Bem como não haviam vestígios de marcações na mata durante o percurso. Por fim, não havia sinais de violência ou luta.

De acordo com a Polícia Federal, especialistas do Instituto Nacional de Criminalística (INC) de Brasília e peritos criminais de Vilhena, da PF, fizeram a perícia no local.

“Índio do buraco”


Buraco cavado pelo índio isolado — Foto: Funai

O “índio do buraco” passou a viver sozinho há quase 30 anos. Em 1995, fazendeiros mataram os últimos membros do povo que ele pertencia. Um ano depois, FPE Guaporé (Frente de Proteção Etnoambiental Guaporé) viu o “Índio do buraco” pela primeira vez, em 1996.

O indigena vivia na Terra Indígena (TI) Tanaru, próximo à divisa de municípios no sul de Rondônia, mais precisamente em Corumbiara (RO)

Por fim, os registros mostram que o indígena morava em abrigos conhecidos como tapiris. Geralmente construídos com cascas de madeira, palmeiras e troncos, cobertos com palha do chão ao teto.

O nome de “índio do buraco” surgiu após uma curiosa característica. Os locais onde ele ficava tinham um buraco.

Leia a íntegra da nota da Funai:

A Fundação Nacional do Índio (Funai) informa, com imenso pesar, o falecimento do indígena conhecido como “Índio Tanaru” ou “Índio do buraco”, que vivia em isolamento voluntário e era monitorado e protegido pela Funai por meio da Frente de Proteção Etnoambiental Guaporé, no estado de Rondônia, há cerca de 26 anos. O indígena era o único sobrevivente da sua comunidade, de etnia desconhecida.

O corpo do indígena foi encontrado dentro da sua rede de dormir em sua palhoça localizada na Terra Indígena Tanaru, no último dia 23 de agosto, durante a ronda de monitoramento e vigilância territorial realizada pela equipe da FPE Guaporé/Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC). Não havia vestígios da presença de pessoas no local, tampouco foram avistadas marcações na mata durante o percurso.

Também não havia sinais de violência ou luta. Os pertences, utensílios e objetos utilizados costumeiramente pelo indígena permaneciam em seus devidos lugares. No interior da palhoça havia dois locais de fogo próximos da sua rede.

Seguindo a numeração da lista de habitações do Índio Tanaru registradas pela Funai ao longo de 26 anos, essa palhoça é a de número 53, seguindo o mesmo padrão arquitetônico das demais, com uma única porta de entrada/saída e sempre com um buraco no interior da casa.

O exame de local de morte foi realizado pela perícia da Polícia Federal, com a presença de especialistas do Instituto Nacional de Criminalística (INC) de Brasília e apoio de peritos criminais de Vilhena (RO). As atividades foram acompanhadas por servidores da Funai.

Nos trabalhos, foram utilizados equipamentos como drone e escâner 3D, além de serem coletados diversos vestígios e o corpo do indígena, que serão analisados pelo INC em Brasília.

A Funai lamenta profundamente a perda do indígena e informa ainda que, ao que tudo indica, a morte se deu por causas naturais, o que será confirmado por laudo de médico legista da Polícia Federal.

Fonte: Diário da Amazônia