Olga Kolova se passou por designer de jóias em Nápoles, na Itália. Ela chegou a ter relação amorosa com um funcionário da organização

Porto Velho, RO - Uma espiã russa se passou por socialite na Itália, durante uma década, para se aproximar e ter relações com oficiais da Organização do Tratato do Atlântico Norte (Otan), que é a aliança militar ocidental entre países da Europa, Estados Unidos e Canadá.

A informação foi divulgada nessa sexta-feira (26/8), em reportagem investigativa resultado de uma parceria entre veículos de comunicação europeus: Bellingcat (Holanda), La Repubblica (Itália) e Der Spiegel (Alemanha).

A designer de joias, que vivia uma vida de luxo em Nápoles e era conhecida como Maria Adela Kuhfeldt Rivera, na verdade, era Olga Kolova, integrante do Departamento Central de Inteligência (GRU) da Rússia.

Com identidade falsa, segundo a investigação, ela se dizia filha de pai alemão e mãe peruana, quando, na realidade, era uma agente russa treinada para se passar por estrangeira. Ela já havia morado em Roma, Malta, Paris e esteve em Nápoles, entre 2013 e 2018.
“Dona” de joalheria

A cidade italiana é sede do Comando da Força Conjunta Aliada da Otan. Para aprimorar o disfarce, Kolova montou uma joalheria, chamada Serein, e conseguiu se inserir, aos poucos, no meio social, entre agentes e oficiais da Otan.

O sucesso da “fantasia” foi tanto que ela chegou a ocupar o cargo de secretária da filial de Nápoles do Lions Clube Internacional, bastante frequentado por funcionários e figuras do alto escalão da organização.

Um funcionário da Otan, inclusive, relata, na reportagem, que teve um breve relacionamento amoroso com Kolova, a qual ele acreditava ser Maria Adela Rivera, nascida na cidade peruana de Callao.
Caminho da investigação

O principal investigador do material, CEO do site Bellingcat, Christo Grozev, contou em entrevista que suspeitou da história da espiã quando teve acesso a um banco de dados vazado de pessoas que teriam passado pela fronteira de Belarus.

Ele procurou por números de passaportes russos, cruzando as informações com os intervalos conhecidos por terem sido usados por espiões, e lhe chamou a atenção um nome que apareceu no levantamento e que não era de origem russa.

Maria Adela Kuhfeldt Rivera havia viajado com vários passaportes russos que possuíam números de série utilizados por outros agentes conhecidos. Entre eles, estava um oficial envolvido em um ataque de envenenamento ocorrido na Inglaterra, em 2018. O caso teve repercussão internacional.

No mesmo ano, Rivera sumiu de cena e deixou Nápoles, no que pode ter sido uma tática da inteligência russa para que ela não fosse descoberta. Meses depois, ela utilizou as redes sociais para tentar explicar o sumiço, alegando que estava enfrentando um câncer.

Hoje, a espiã vive em Moscou, num apartamento de luxo. A reportagem confirmou a identidade dela, porque a foto do WhatsApp de Kolova era a mesma foto do perfil no Facebook de Rivera.

Fonte: Diário da Amazônia