Na lista dos partidos cobiçados estão PSD e Podemos, que chegaram a lançar nomes ao Planalto, mas os projetos não prosperaram

Porto Velho, RO - A quatro meses da eleição e com a maioria das alianças já encaminhadas, os principais pré-candidatos à Presidência da República preparam suas últimas cartadas para conquistar as legendas que ainda não definiram o caminho a seguir. Juntas, essas siglas reúnem ao menos 1 minuto e 48 segundos nos programas eleitorais de rádio e televisão e R$ 939 milhões de recursos provenientes dos fundos eleitoral e partidário.

Caso alguma das siglas entre nas coligações dos pré-candidatos, o tempo de TV nos programas da corrida presidencial fica para a candidatura. Se os partidos não fecharem com nenhum presidenciável, o tempo é dividido entre todos os partidos com postulantes ao Planalto. Já os recursos do fundo são de deliberação de cada partido, que pode incluir o presidenciável que está apoiando na partilha ou dedicá-los integralmente a seus nomes a governador e ao Legislativo.

Na lista dos partidos cobiçados estão PSD e Podemos. Ambos chegaram a lançar nomes ao Planalto — o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o ex-juiz Sergio Moro, respectivamente —, mas os projetos não prosperaram. Agora, os dois partidos negociam se vão apoiar algum dos pré-candidatos favoritos.

Outras legendas que apresentaram pré-candidatos sofrem ofensiva para retirá-los da disputa em troca de uma boa proposta. É o caso do Avante e do Pros. O primeiro lançou André Janones e o segundo, Pablo Marçal. Integra ainda a relação dos cobiçados o Patriota. O partido quase conseguiu filiar o presidente Jair Bolsonaro no ano passado, mas a negociação naufragou na reta final por falta de consenso interno.

Além do tempo de TV e rádio, o caixa de quase R$ 1 bilhão disponível para esses partidos é alvo de interesse. A maior parte desses recursos, no entanto, deve ser direcionada às campanhas dos seus próprios candidatos a deputados federais e estaduais.

Dono da quinta maior bancada da Câmara, o PSD foi um dos mais procurados. O presidente do partido, Gilberto Kassab, contudo, decidiu adotar a neutralidade no primeiro turno — o que muitos correligionários consideraram como uma vitória do ex-presidente Lula (PT). Atualmente, 12 diretórios da sigla estão inclinados a apoiar a reeleição de Bolsonaro, enquanto nove tendem a abraçar o petista.

A última ofensiva de Lula para tentar concretizar uma aliança com o PSD se deu por meio de Minas Gerais. O PT topou retirar a candidatura do deputado Reginaldo Lopes ao Senado no estado para cedê-la ao senador Alexandre Silveira (PSD), além do apoio já consolidado à pré-candidatura de Alexandre Kalil (PSD) ao governo. A campanha de Lula acabou não conseguindo o acordo nacional, mas até o momento garantiu um palanque competitivo no segundo maior colégio eleitoral do país.

No Podemos, dois nomes estão na mesa para uma eventual candidatura própria: Álvaro Dias (PR) e o ex-ministro e general Carlos Alberto dos Santos Cruz. A presidente da sigla, Renata Abreu, ainda estuda a melhor opção. Por ora, a sigla não indicou disposição de apoiar Lula ou Bolsonaro.
Partidos sem candidato a presidente ou sob pressão para desistit têm recursos e tempo de TV relevantes — Foto: Editoria de Arte

Partidos sem candidato a presidente ou sob pressão para desistit têm recursos e tempo de TV relevantes — Foto: Editoria de Arte

Já os dirigentes do Avante foram procurados diversas vezes pelo PT para seguir com o ex-presidente. Por ora, contudo, a resposta foi negativa.

— Foram várias investidas. Buscaram a primeira aproximação em maio do ano passado — diz o pré-candidato do partido, deputado Janones. — Em fevereiro deste ano se repetiu. Houve uma reunião, novamente eu optei por não participar, mas dessa vez houve um pedido, republicano, de que era melhor retirar a candidatura.

Janones diz que mantém bom diálogo com petistas e com Ciro Gomes (PDT), mas garante que não pretende sair da disputa. Sua aposta é crescer como candidato da terceira via e chegar ao segundo turno.

— Até a data de hoje, minha candidatura está absolutamente mantida.

No PROS, o partido se divide em duas alas: uma a favor da candidatura de Marçal e outra que prefere fechar com Bolsonaro. Este segundo grupo colocou como imposição ao presidenciável de alcançar pelo menos 5% nas pesquisas até as convenções, que devem ser realizadas em julho. Se não chegar a esse patamar, a pré-candidatura deve ser rifada.

Segundo interlocutores da sigla, o assédio a dirigentes da legenda tem sido feito por emissário do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, um dos homens fortes da campanha de Bolsonaro.

— No mundo político todo mundo é muito próximo e se conversa — afirmou Marçal.

Ele declarou que também pretende ir até o fim com a sua candidatura a qual vê como um “chamado divino”. Para se viabilizar internamente, ele diz que tem como meta pontuar dois dígitos nas pesquisas eleitorais em 40 dias.

Divisão em 2018

No Patriota, a decisão é de não se posicionar até o segundo turno. O diagnóstico é de que um posicionamento a favor de um candidato poderia atrapalhar as estratégias nos estados em um momento em que é importante eleger uma bancada expressiva para sobreviver à cláusula de barreira.

— Fomos procurados pela maioria dos candidatos, que por razões óbvias prefiro não mencionar os nomes. A nossa resposta foi mostrar a decisão da Executiva pela neutralidade — disse Ovasco Resende, presidente do Patriota.

Nas eleições de 2018, todos esses cinco partidos fecharam apoio ou lançaram pré-candidatos já no 1º turno. PSD fez parte da coligação de Geraldo Alckmin (PSDB); o PROS, da chapa de Fernando Haddad (PT); e o Avante, de Ciro Gomes (PDT). O Podemos, por sua vez, lançou Álvaro Dias; e o Patriota, Cabo Daciolo.

Fonte: O Globo