Todos os 510 tripulantes foram removidos, segundo o Ministério da Defesa; Ucrânia afirma ter atacado a embarcação

Porto Velho, RO - O principal navio de guerra russo na ofensiva contra a Ucrânia afundou enquanto era rebocado na noite desta quinta-feira, após sofrer explosões na véspera, informou a agência russa Tass, transmitindo uma informação do Ministério da Defesa russo.

Segundo o comunicado, "durante o reboque do cruzador Moskva para o porto de destino, o navio perdeu a estabilidade devido a danos no casco provocados durante o incêndio da detonação de munição. Em condições de mar tempestuoso, o navio afundou".

A Ucrânia alega que o cruzador, maior navio da frota russa no Mar Negro, foi atingido por um míssil lançado por suas forças. A Rússia, por sua vez, não reconheceu que foi um ataque que causou o incêndio na embarcação, e disse que a sua origem está sob investigação, possivelmente tendo sido causada por uma explosão de munição. Os mais de 500 tripulantes deixaram o navio, disse a Rússia.

Não se sabe se na hora das explosões o cruzador estava operando sozinho ou se estava perto de outras embarcações que atuavam como escolta. A Ucrânia diz que lançou dois mísseis contra a embarcação, e o ataque também teria envolvido um drone, possivelmente para distrair a tripulação do alvo.

Antes de o navio afundar, o governador da província ucraniana de Odessa, Maksym Marchenko, comemorou os estragos no Moskva: "Os mísseis Netuno que vigiam o Mar Negro causaram danos muito sérios ao navio russo. Glória à Ucrânia!", escreveu Marchenko no Telegram.

Os Estados Unidos disseram não ter informações suficientes para determinar se o navio foi ou não atingido por um míssil. Um porta-voz do Pentágono afirmou que o navio foi "basicamente projetado para defesa aérea, então [seus estragos] terão um impacto na capacidade russa, certamente no curto prazo". A longo prazo, segundo o porta-voz, ainda é incerto.

As agências de notícias russas disseram que o Moskva, de 12.500 toneladas e construído em 1983, estava armado com 16 mísseis de cruzeiro antinavio Vulkan, com alcance de pelo menos 700 quilômetros. Estes mísseis deveriam ser destinados principalmente a ataques contra porta-aviões. Como a Ucrânia não tem estes equipamentos no Mar Negro, acabavam não sendo tão relevantes.

O cruzador, no entanto, também estava equipado com uma arma mais significativa: uma bateria de 64 mísseis terra-ar S-300F. Essas armas de longo alcance permitiam que o navio estabelecesse uma zona em que as aeronaves ucranianas corriam riscos ao operar.

A perda ou desativação do navio abala mais a vacilante campanha militar da Rússia , que nesta quinta-feira chega ao 50º dia.

A Marinha da Rússia disparou mísseis de cruzeiro na Ucrânia e suas atividades no Mar Negro são cruciais para apoiar as operações terrestres no Sul e no Sudeste do país, onde luta para assumir o controle total do porto de Mariupol após semanas de bombardeios.

O Moskva ganhou notoriedade no início da guerra, quando exigiu a rendição das tropas de fronteira ucranianas estacionadas na pequena Ilha da Cobra, que recusaram, desafiadoramente.

Acreditou-se inicialmente que os soldados ucranianos tinham sido mortos, mas na verdade eles foram detidos e depois libertados em uma troca de prisioneiros com a Rússia no fim de março, de acordo com o Parlamento ucraniano.

Deste então, o navio operou nos arredores da ilha. A partir desta posição, o navio era capaz de dominar as posições marítimas na direção na costa ucraniana, principalmente na do porto de Odessa.

Em 24 de março, um mês após o início da invasão russa da Ucrânia, a Marinha ucraniana alegou ter destruído um navio russo ancorado no porto de Berdyansk, cidade próxima a Mariupol, no Mar de Azov.

Fonte: O Globo