Bolsonarista, deputado do PL assume vaga na Câmara após renúncia de Zambelli, presa na Itália, em meio a embate entre Legislativo e STF


O deputado Adilson Barroso e o então presidente Jair Bolsonaro, em 2019. Foto: Marcos Corrêa/PR

Porto Velho, RO - A renúncia da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), formalizada no domingo 14, abriu caminho para a posse de Adilson Barroso (PL-SP) como novo integrante da Câmara dos Deputados.

Primeiro suplente do Partido Liberal em São Paulo, Barroso assume a vaga nesta segunda-feira 15 após uma sequência de decisões judiciais que culminaram na perda do mandato da congressista, atualmente presa na Itália e à espera de uma decisão sobre sua extradição para o Brasil.

A saída de Zambelli ocorre dias após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, anular a votação da Câmara que havia mantido seu mandato, ao entender que, em casos de condenação criminal com trânsito em julgado, cabe ao Judiciário decretar a perda do cargo.

A decisão foi confirmada por unanimidade pela Primeira Turma da Corte. Diante do impasse e da pressão sobre a presidência da Câmara, a deputada optou por entregar o mandato.

Com isso, a Mesa Diretora determinou a convocação de Adilson Barroso, que já exerceu mandato federal em outras ocasiões durante a atual legislatura. Entre 2023 e 2025, ele ocupou a cadeira deixada por Guilherme Derrite (PP-SP), licenciado para comandar a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Com o retorno do titular ao cargo, Barroso havia voltado à condição de suplente até ser novamente chamado agora.

Natural de Minas Gerais e radicado em São Paulo desde a infância, Adilson Barroso construiu sua trajetória política principalmente no interior paulista. Empresário, ele iniciou a vida pública ainda jovem, ao ser eleito vereador em Barrinha (SP) no fim dos anos 1980, cargo que voltaria a ocupar em diferentes momentos da carreira. Também foi vice-prefeito do município e deputado estadual por São Paulo entre 2003 e 2010.

No campo partidário, Barroso esteve à frente da fundação do Partido Ecológico Nacional (PEN), criado em 2012 e posteriormente rebatizado como Patriota. À época, foi um dos principais articuladores de tentativas de filiação do então deputado Jair Bolsonaro (PL) à legenda, iniciativa que acabou não avançando e resultou em seu afastamento da presidência do partido. Em 2021, deixou o Patriota e se filiou ao PL, legenda pela qual disputou as eleições de 2022, tornando-se o primeiro suplente da sigla no estado.

Identificado com a ala mais reacionária da direita, Barroso mantém alinhamento público com o ex-presidente Bolsonaro e costuma se apresentar nas redes sociais como defensor de pautas conservadoras e de oposição ao Supremo Tribunal Federal. Pai da deputada estadual Fabiana Barroso (PL-SP), ele retorna agora ao Congresso em um momento de forte polarização política e de tensão entre os Poderes.

A posse do novo deputado ocorre em meio ao desdobramento do caso envolvendo Carla Zambelli, condenada pelo STF a 10 anos de prisão por participação na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça e a mais de cinco anos por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal.

Fonte: Carta Capital