Governador Marcos Rocha (União Brasil), e o dilema renunciar e disputar o Senado Federal ou "vegetar" no Governo de Rondônia - Foto: Divulgação

Porto Velho, RO - Porto Velho amanheceu diferente. Silencioso nos corredores, barulhento nos bastidores. Centenas de servidores comissionados começaram a receber comunicados de exoneração enviados pela Diretoria Técnica da Casa Civil, numa onda que pegou muita gente de surpresa — e outros nem tanto.
O texto é seco, quase protocolar, mas o efeito foi de trovão em céu azul:
“Informamos sua exoneração do Cargo de D*******  a contar de 15/12/2025, com publicação em Diário Oficial.” As exonerações estão sendo preparadas para serem publicadas no Diário Oficial do Estado de Rondônia.
A Casa Civil, comandada por Elias Rezende de Oliveira, agradece os serviços prestados. A política, como sempre, não agradece — cobra.

Exonerações em massa e o xadrez do poder em Rondônia

As exonerações ocorrem logo após o governador Marcos Rocha (UB) anunciar que pretende se filiar a outro partido político. Tradução do dialeto político antigo, direto da Idade Média do poder: quem muda de partido, precisa ceder cargos aos novos aliados.
Nada de novo sob o sol. O poder troca de mãos, e as cadeiras acompanham.
O problema é a escala. Não são casos isolados. São centenas de comunicados, atingindo cargos estratégicos e deixando claro que o governo entrou em modo de rearranjo político total.
O dilema de Marcos Rocha: Senado ou até o fim do mandato?

O governador vive um daqueles dilemas clássicos da política brasileira — dignos de novela das oito:

Renunciar em 4 de abril de 2026 para disputar uma das duas vagas ao Senado Federal
ou
Permanecer no cargo até 31 de dezembro de 2026, politicamente enfraquecido, “vegetando”, como dizem nos bastidores.

Qualquer escolha traz custo. E juros.
Pressões familiares e políticas cercam o Palácio Rio Madeira
Se a política já é dura, imagine quando ela entra na sala de jantar.
Marcos Rocha enfrenta pressões internas e externas:
Luana Rocha, esposa do governador e secretária de Estado da Ação Social (SEAS), deseja disputar uma vaga de deputada federal
Sandro Rocha, irmão do governador, mira uma das 24 cadeiras da Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE-RO)
Aliados da base na ALE-RO pressionam para que Marcos Rocha não deixe o governo, evitando que o vice assuma

E aqui mora o medo.
O fator Sérgio Gonçalves: a “tesoura” do vice-governador


Caso Marcos Rocha renuncie, quem assume é o vice-governador Sérgio Gonçalves (UB). E os aliados sabem: o vice não costuma manter acordos antigos.
Nos bastidores, o verbo é um só: “cortar”.
Cortar cargos.
Cortar espaços.
Cortar alianças.
Por isso, parte da base prefere Marcos Rocha parado no comando a Sérgio Gonçalves governando de fato.
Teoria da conspiração ganha força nos bastidores
Como toda crise política brasileira respeitável, surge a teoria da conspiração.
Corre à boca pequena — sem provas, mas com muitos apostadores — que existiriam movimentos para tentar prender e cassar o vice-governador Sérgio Gonçalves.
Poucos acreditam.
Muitos comentam.
A política adora esse tipo de enredo.
Por ora, tudo não passa de especulação de bastidor, mas o simples fato de o assunto circular revela o nível de tensão no governo.
O povo entra na conta: o “pacote Rocha” será aprovado nas urnas?
No fim das contas, falta o mais importante: combinar com o eleitor.
A pergunta que ecoa em Rondônia é simples e direta:

O povo quer esse trio no poder?
Marcos Rocha senador
Luana Rocha deputada federal
Sandro Rocha deputado estadual


A política pode até se organizar nos gabinetes, mas é a urna que dá a palavra final. E ela costuma ser menos previsível que os acordos de bastidor.