Jornalista Montezuma Cruz, profissional que completa 50 anos de carreira - Foto: Marcelo Gladson / Caderno Destaque

Porto Velho, RO - O Ministério Público de Rondônia realizou a entrega do 14º Prêmio MPRO de Jornalismo, e o grande homenageado da noite foi o jornalista Montezuma Cruz, profissional que completa 50 anos de carreira e cuja história se confunde com a própria formação social, política e ambiental de Rondônia.

Com uma trajetória marcada pela defesa dos direitos humanos, pela denúncia de violações históricas e pelo registro minucioso da vida amazônica, Montezuma se consagra como um dos mais importantes jornalistas da região, reconhecido como guardião da memória rondoniense.

Montezuma Cruz: cinco décadas dedicadas à Amazônia e à defesa social
Desde 1976, Montezuma iniciou sua carreira em Porto Velho, acompanhando de perto:
-o processo de colonização de Rondônia;
-os ciclos migratórios;
-conflitos agrários e violência no campo;
-impactos da mineração e da exploração ilegal de recursos;
-violações trabalhistas, incluindo trabalho escravo;
-problemas de saúde pública e exclusão social em áreas isoladas.

Suas reportagens serviram como base para investigações do Ministério Público, ajudando a revelar:
-garimpos ilegais,
-abandono de comunidades tradicionais,
-crimes ambientais,
-fraudes e irregularidades no interior do estado.
Atuou em grandes veículos como Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil e Correio do Estado, além de colaborar com órgãos públicos e escrever obras fundamentais sobre a história regional. Entre seus livros mais recentes estão:

Território Dourado (2024)

Cinquenta Anos de Histórias, Direito e Terras (2025)

Homenagem e entrega oficial pelo procurador-geral do MPRO

Durante a premiação, Montezuma Cruz foi chamado ao palco para receber o reconhecimento das mãos do procurador-geral de Justiça do MPRO, Alexandre Jesus de Queiroz Santiago.
A plateia o recebeu com aplausos longos e emocionados.

O governo e o Ministério Público destacaram que seu trabalho reflete a missão institucional de proteção da sociedade amazônica, da cidadania e da memória coletiva.
Um discurso marcado por história, emoção e memória social
Em um dos discursos mais marcantes da história do prêmio, Montezuma revisitou episódios vividos ao longo de sua carreira, desde os anos 70, quando acompanhou promotores pioneiros em áreas remotas de Rondônia, até casos emblemáticos que denunciaram:
-trabalho escravo em Cerejeiras,
-violência contra populações rurais,
-falta de delegados e estrutura policial no antigo Território,
-desaparecimento e assassinato de mulheres na América Latina,
-chacinas históricas como a do Paralelo 11.
Com voz firme, mas emocionada, Montezuma ressaltou o papel fundamental do Ministério Público nas transformações sociais do estado e da importância da imprensa comprometida com os direitos humanos:

“O jornalismo que fazemos nasce do que somos: seres humanos. Não há imparcialidade absoluta, mas há compromisso com a justiça social.”

Reconhecimento institucional e a força do jornalismo amazônico

O MPRO destacou que, em um mundo onde o jornalismo impresso se enfraquece e o digital avança, profissionais como Montezuma Cruz permanecem como faróis éticos e históricos na Amazônia.

A organização ressaltou que o prêmio deste ano reforça o papel estratégico da imprensa na defesa da sociedade.

Mais uma homenageada da noite: Juliane da Silva Vandelli de Oliveira

A cerimônia também homenageou a jornalista Juliane da Silva Vandelli de Oliveira, destacada por sua atuação ética, pela apuração rigorosa e por seu compromisso com a cidadania e o serviço público.