Boi Malhadinho foi campeão do Duelo na Fronteira 2025 - Foto: Marcelo Gladson / O OBSERVADOR

Porto Velho, RO - O Boi Bumbá Malhadinho conquistou o título de Campeão do Duelo na Fronteira 2025, superando o Boi Flor do Campo em uma disputa marcada por emoção, cultura e alegria no Bumbódromo de Guajará-Mirim. A vitória coroou meses de trabalho de centenas de brincantes, artistas e costureiras que dão vida a um dos maiores espetáculos culturais da fronteira Brasil–Bolívia.
Apesar do sucesso, a edição deste ano foi cercada de polêmica. O evento, tradicionalmente realizado em agosto, ocorreu excepcionalmente em novembro, período de chuvas intensas na Amazônia. O resultado foi uma série de críticas da população e de turistas — especialmente após a forte chuva da sexta-feira (14), que interrompeu a apresentação do Malhadinho no momento em que o boi entrava na arena.
Chuva interrompe apresentação do Malhadinho e gera revolta nas redes sociais
Vídeos mostrando o Bumbódromo sendo tomado pela chuva rapidamente viralizaram. Muitos espectadores classificaram a situação como “frustrante”, principalmente porque viajaram e se programaram para assistir ao espetáculo completo.
Ainda assim, o Malhadinho conseguiu retornar à arena após a chuva cessar e concluiu sua apresentação — e mais tarde viria a conquistar o título de campeão.
Secretário Paulo Igor esclarece decisão sobre a data: “O Duelo só existe por causa da parceria”
Diante da grande repercussão negativa, o secretário da Sejucel, Paulo Igor, concedeu esclarecimentos sobre a mudança de data do evento e destacou que a decisão não foi tomada isoladamente pelo Governo de Rondônia.

“O Duelo na Fronteira só existe através de uma interlocução do governo com as agremiações, com a UARARI e com o Poder Público Municipal. Não é o governo sozinho e não são as agremiações sozinhas que conseguem executar. Tudo é feito em parceria, com diálogo.”

Ele explicou que:
A proposta inicial era manter o evento em agosto, como ocorre historicamente.
Porém, agosto ficou muito próximo do Festejo do Maracujá, o que poderia prejudicar a logística.
Uma nova data foi estudada para outubro.
Mas as próprias agremiações solicitaram mais tempo para finalizar indumentárias, alegorias e ensaios — pedindo oficialmente que o Duelo fosse transferido para novembro.

“As agremiações entenderam que, para que o duelo ficasse mais bonito, era preciso mais tempo de preparação. Elas pediram novembro. E tudo foi conduzido com muita transparência e diálogo”, disse Paulo Higo.
O secretário afirmou ainda que o objetivo para 2026 é retornar o evento ao mês de agosto, como sempre foi tradição.

Deputada Taisa Souza anuncia projeto de lei para garantir Duelo em agosto

A polêmica também chegou à Assembleia Legislativa. A deputada estadual Taisa Souza (PODEMOS) informou que apresentará um projeto de lei para que o Duelo na Fronteira seja obrigatoriamente realizado em agosto, evitando que o evento ocorra novamente no período chuvoso.

Segundo ela, a tradição precisa ser preservada, e o público não pode correr o risco de enfrentar interrupções por condições climáticas.

Críticas, elogios e um título histórico

Mesmo com as críticas quanto à data, o evento reuniu grande público, movimentou a economia local e reforçou a importância cultural do Duelo na Fronteira, considerado Patrimônio Cultural Imaterial de Rondônia.

Com apresentações poderosas, emoção na arena e apoio massivo da comunidade, o Boi Malhadinho levou para casa o título de campeão de 2025, escrevendo mais um capítulo na história da festa mais tradicional de Guajará-Mirim.