Deputado acusa ministro de arbitrariedade e promete não recuar em sua luta contra o Supremo nos EUA

Porto Velho, RO - Em um novo capítulo da contenda entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e a família Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) revelou, em entrevista ao podcast Inteligência Limitada na segunda-feira (21), que suas contas bancárias e as de sua esposa, Heloísa Bolsonaro, foram bloqueadas por ordem do ministro Alexandre de Moraes. A decisão, mantida sob sigilo, foi antecipada pelo site Metrópoles e confirmada pelo próprio parlamentar, que está nos Estados Unidos desde março, licenciado de seu mandato na Câmara dos Deputados.

A medida ocorre em meio a investigações que apuram a atuação de Eduardo em articulações internacionais para impor sanções contra autoridades brasileiras, especialmente Moraes, acusado por ele de práticas arbitrárias e violações de direitos fundamentais.

Eduardo Bolsonaro, que se encontra em solo americano, reagiu com veemência à decisão do STF. Em suas redes sociais, ele classificou o bloqueio como "mais uma decisão arbitrária e criminosa do ditador Alexandre de Moraes", que, segundo ele, tenta silenciá-lo para impedir denúncias sobre supostos crimes do ministro à comunidade internacional. "Esse bloqueio não me surpreende. É só mais uma tentativa de me proibir de denunciar as violações de direitos fundamentais", afirmou o deputado, prometendo não abandonar sua luta.

Ele destacou que a medida não afetará seu compromisso de defender a liberdade dos brasileiros, mesmo que isso envolva confrontos diretos com o STF. A ordem de Moraes também inclui outras restrições, como a proibição de divulgação de entrevistas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pai de Eduardo, nas redes sociais. O parlamentar, cuja licença no Congresso expirou recentemente, também enfrenta um inquérito aberto em maio pelo STF, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A investigação apura possíveis crimes de coação, obstrução de Justiça e tentativa de abolição do Estado democrático de Direito, relacionados às suas ações nos EUA, onde busca apoio para medidas contra autoridades brasileiras. A escalada de tensões entre Eduardo e Moraes ganhou força após o anúncio de sanções do governo de Donald Trump contra o Brasil, incluindo a revogação de vistos de entrada de Moraes e outros sete ministros do STF, além de uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros.

Eduardo celebrou essas medidas, atribuindo a si parte da responsabilidade, e indicou que novas ações podem estar a caminho. Em entrevista à CNN Brasil, ele afirmou que trabalha por sanções específicas contra Moraes e sugeriu que as tarifas de Trump não são o cenário ideal, mas uma "esperança" para pressionar autoridades brasileiras.

O bloqueio das contas de Eduardo e Heloísa Bolsonaro intensifica o embate entre o bolsonarismo e o STF, em um momento em que Jair Bolsonaro também enfrenta restrições judiciais, como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de acessar redes sociais. A decisão de Moraes é vista por aliados do ex-presidente como uma tentativa de limitar a influência da família, enquanto críticos do STF, como Eduardo, argumentam que o Judiciário está extrapolando suas funções e ameaçando a soberania nacional.

O caso também levanta questões sobre os limites da atuação judicial e política no Brasil. Especialistas apontam que as ações de Eduardo nos EUA, como pressionar por sanções contra autoridades brasileiras, são atípicas e desafiam a classificação penal, mas podem configurar violações de deveres parlamentares, o que poderia levar à cassação de seu mandato.

Enquanto isso, o governo Lula busca respostas diplomáticas às sanções de Trump, com o presidente criticando a interferência externa e defendendo a soberania do país.A situação permanece fluida, com desdobramentos esperados tanto no cenário jurídico quanto no político.

Eduardo Bolsonaro, por sua vez, mantém o tom desafiador, prometendo continuar sua ofensiva contra Moraes e o STF, mesmo diante das restrições impostas. "Só irei descansar quando Alexandre de Moraes for punido", declarou o deputado, sinalizando que o conflito está longe de um desfecho.

Fonte: Painel Político