Bruno Bianco depôs ao STF nesta quinta-feira 29 como testemunha de defesa do ex-ministro Anderson Torres, um dos réus na ação penal do golpe


Bruno Bianco, novo AGU do governo Bolsonaro. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Porto Velho, RO - O ex-advogado-geral da União Bruno Bianco afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal, nesta quinta-feira 29, que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) o consultou, no fim de 2022, em busca de alternativas para reverter a vitória de Lula (PT) nas eleições daquele ano.

A oitiva foi realizada no âmbito da ação penal que apura a tentativa de golpe para impedir a posse de Lula. O depoimento integra o bloco de oitivas do chamado “núcleo 1” da investigação, agendado pelo relator Alexandre de Moraes entre os dias 19 de maio e 2 de junho.

Bianco foi ouvido por videoconferência, na condição de testemunha de defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, um dos réus no caso. Ele foi questionado pela Procuradoria-Geral da República sobre uma reunião realizada após o segundo turno, visando contestar o resultado das urnas.

O ex-auxiliar de Bolsonaro confirmou o encontro e relatou que, na ocasião, foi interpelado pelo então presidente sobre formas de reverter a vitória petista. “Ele [Bolsonaro] perguntou se eu havia visto algum tipo de problema jurídico, e eu, de pronto, respondi que não. Disse que o pleito, na minha ótica, havia ocorrido de maneira correta e legal, sem qualquer irregularidade”, afirmou.

A reunião, que contou também com a presença dos comandantes das Forças Armadas e do então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ocorreu no fim de outubro, logo após a Justiça Eleitoral declarar Lula vencedor da disputa, com 50,9% dos votos válidos. Horas depois do resultado, caminhoneiros bloquearam rodovias em protesto contra a derrota de Bolsonaro.

Mesmo após Bianco afirmar que não via motivos para contestar o resultado, o então presidente voltou a insistir na questão. “Eu disse que não. Que havia comissão acompanhando e que a eleição foi absolutamente transparente. E o presidente, pelo menos na minha frente, se deu por satisfeito”, completou.

Fonte: Carta Capital