Mais da metade dos contribuintes deve utilizar a funcionalidade; especialista alerta para a importância da revisão dos dados


Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Porto Velho, RO - A declaração pré-preenchida do Imposto de Renda já representa uma mudança significativa na forma como os brasileiros se relacionam com a Receita Federal.

Em 2025, a expectativa é que 57% das 46,2 milhões de declarações sejam feitas com o modelo automatizado, segundo projeção oficial.

Esse crescimento é expressivo. Em 2022, o percentual era de apenas 7%. Dois anos depois, chegou a 41%. Agora, o avanço é resultado direto das iniciativas do Fisco para estimular o uso da tecnologia.

O objetivo principal é reduzir erros, evitar retrabalho e tornar o cruzamento de dados mais eficiente.
Automação antecipa tendência de digitalização total

A pré-preenchida reúne automaticamente informações enviadas por empresas, bancos, corretoras, planos de saúde e outras fontes diretamente à Receita Federal.

Entre os dados incluídos estão rendimentos, imóveis, previdência, aplicações financeiras, despesas médicas e, desde este ano, também contas no exterior.

Segundo o contador tributarista André Charone, essa mudança representa um salto técnico importante.

“A pré-preenchida reduz inconsistências e acelera o processo. Estamos cada vez mais próximos de um modelo em que o contribuinte apenas revisa e confirma os dados”, afirma o especialista.

Charone é autor do livro Declaração de Imposto de Renda: Dicas e truques que o Leão não quer que você saiba e acompanha a evolução do modelo há anos.

Para ele, utilizar a pré-preenchida também é uma forma de garantir mais segurança jurídica.

“A Receita cruza os dados com diferentes fontes. Partir das informações que o Fisco já tem reduz os riscos de cair na malha fina”, explica.

Criptomoedas e contas no exterior entram no radar da Receita

Neste ano, o sistema já inclui dados sobre ativos internacionais. Isso envolve contas bancárias no exterior e aplicações em criptomoedas.

A Receita tem acesso a essas informações por meio de plataformas financeiras, corretoras e instituições que atuam dentro e fora do Brasil.

Para Charone, essa evolução mostra como o Fisco está montando um “Raio-X fiscal” de cada contribuinte. A tendência, segundo ele, é que esse monitoramento se torne ainda mais amplo nos próximos anos.

Para utilizar, é necessário ter conta gov.br atualizada

Para acessar a funcionalidade, o contribuinte precisa ter uma conta gov.br com nível prata ou ouro.

Esse processo é simples e pode ser feito de forma totalmente digital. A validação pode ocorrer por meio de bancos conveniados ou pelo uso da Carteira Nacional de Habilitação digital.

Segundo Charone, o procedimento leva poucos minutos. “Qualquer pessoa com conta bancária ou CNH digital consegue ativar o acesso com rapidez e segurança.”

Restituição pode ser mais rápida com Pix e pré-preenchida

Além da praticidade, a declaração pré-preenchida pode acelerar o pagamento da restituição.

A Receita Federal dá prioridade nos lotes para quem utiliza essa funcionalidade e opta por receber via Pix com chave CPF.

Essa medida faz parte de um esforço da Receita para aumentar a eficiência do sistema e estimular o uso das ferramentas digitais.

“Utilizar essas opções é visto como um sinal de confiabilidade. E, na prática, isso se traduz em prioridade nos pagamentos”, diz Charone.
Especialista recomenda revisão criteriosa dos dados

Apesar das vantagens, a recomendação é clara: o contribuinte deve revisar todos os dados com atenção.

Nem sempre as informações enviadas por bancos, empresas ou planos de saúde chegam de forma correta à Receita.

Charone alerta que o contribuinte continua sendo o responsável final pelo conteúdo da declaração. Por isso, é necessário verificar rendimentos, deduções, doações e dependentes antes do envio.

“Pré-preenchida não é sinônimo de perfeição. É preciso revisar tudo com cuidado”, afirma.
Passo a passo para uma entrega segura

  • Ative sua conta gov.br com nível prata ou ouro
  • Acesse a declaração pré-preenchida via app ou programa da Receita
  • Revise os dados, com atenção aos rendimentos e deduções
  • Adicione informações que não foram preenchidas automaticamente
  • Escolha a restituição via Pix com chave CPF

Guarde cópia da declaração enviada e do recibo de entrega

Fonte: Carta Capital