Suspeitas de irregularidade pesaram contra leilão realizado na semana passada

Porto Velho, RO - O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, confirmou, nesta terça-feira 11, que o leilão para compra de arroz importado será anulado.

O evento foi realizado na última quinta-feira 6, mas suspeitas de irregularidade vieram à tona, o que justificou a anulação.

“Pretendemos fazer um novo leilão, quem sabe em outros modelos, para que a gente possa ter garantia que vamos contratar empresa com capacidade técnica e financeira”, disse Pretto. “A decisão é anular esse leilão e proceder um novo, mais ajustado.

Por causa das suspeitas de irregularidade, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, pediu demissão do cargo. A informação foi confirmada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

A decisão de importar arroz acontece após as chuvas históricas no Rio Grande do Sul. O estado responde por cerca de 70% da produção nacional de arroz.

Entenda

A principal suspeita de irregularidade foi a informação, divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, de que o leilão realizado pela Conab teve os lotes arrematados por empresas sem experiência no mercado de arroz.

Segundo a publicação, a principal compradora dos lotes de arroz é uma empresa com sede em Macapá, no Amapá, que trabalha no mercado de leite e laticínios.

Outra, segundo o jornal, pertence ao um empresário de Brasília que já admitiu à Justiça ter pago propina para conseguir um contrato com a Secretaria de Transportes do Distrito Federal (DF).

Há, ainda, uma suspeita de irregularidade sobre o fato de que a negociação de 44% do total de 263 mil toneladas de arroz foi feita pela Bolsa de Mercadorias do Mato Grosso (BMT) e pela Foco Corretora. Segundo informações da TV Globo, ambas são de propriedade de um ex-assessor parlamentar de Neri Geller.

Após a informação da ligação da empresa com Robson França, ex-assessor de Geller, o agora ex-secretário do ministério começou a passar por um processo de desgaste.

Fávaro tratou do tema nesta terça, em coletiva no Palácio do Planalto, em Brasília (DF). Ele disse que Geller “fez uma ponderação” e que a sociedade foi feita entre a empresa e um filho do ex-secretário.

“Essa empresa não está operando, não está participando do leilão, não fez nenhuma operação e isso é um fato também. Nenhum fato que gere qualquer tipo de suspeita. Mas que de fato gerou um transtorno e por isso ele colocou hoje de manhã o cargo à disposição. Ele pediu demissão e eu aceitei”, justificou.

Fonte: Carta Capital