Nié Sanfoneiro é a veia aberta de um Brasil junino

Porto Velho, RO - Daniel Bispo dos Santos, o Nié Sanfoneiro, é uma personalidade em Inhambupe, no agreste baiano. Nascido em 1943, vivia em uma casa de taipa e desde criança trabalhou na roça.

Com 17 anos partiu para São Paulo, seguindo o trajeto de milhares de nordestinos nos anos 1950 e 60. Na capital paulista, virou servente de pedreiro na construção civil: “Fui trabalhar no lugar só de barão, no Morumbi”.

Tempos depois comprou sua primeira sanfona – de um colega de trabalho – e aprendeu sozinho a manusear o instrumento. Ainda sem muita técnica, foi tocar nas rádios as músicas de sua referência: Luiz Gonzaga, Rei do Baião.

Passou a frequentar as emissoras com programação voltada à música nordestina e foi parar em um programa de calouros: “Chegamos lá, gente para caramba, tinha um monte de sanfoneiro, esses artistas aí que foram famosos, que já morreram”.

Voltou para Inhambupe. Já habilidoso na sanfona, choveram convites para tocar na região, com arrastões, concursos, casamentos, festas particulares e, principalmente, festejos juninos. Virou personagem essencial das festas de São João por aquelas bandas.

Com décadas nessa labuta, ganhou prêmios e disputas com outros sanfoneiros: “Você é seu jeito de ser. Não é tocar muito. É a apresentação, o povo está te olhando”.

O grupo Nié e seus Meninos vai ao povoado Baixa da Caipora, onde nasceu o sanfoneiro. É uma caravana para celebrar bons anos de vida do artista. Lá, ele encontra a banda de pífanos e o samba de roda levado na palma da mão.

Um documentário simples, chamado Nié Sanfoneiro de Inhambupe, conta todas essas passagens. Produzido pela oficina de audiovisual Foco na Lente, foi lançado em abril no YouTube.

Fonte: Carta Capital