BB ocupou o primeiro lugar do ranking nos dois primeiros trimestres do ano, mas foi ultrapassado pelo rival em cerca de R$ 200 milhões
Porto Velho, RO - O Itaú Unibanco virou o jogo para cima do Banco do Brasil (BB) e passou a liderar, no terceiro trimestre deste ano, a corrida do lucro entre os “bancões” nacionais – disputa que também inclui o Bradesco e o Santander. No primeiro e segundo trimestres de 2023, o BB ocupou o topo desse ranking.
No último trimestre, o Itaú registrou um lucro líquido de R$ 9,04 bilhões, uma alta de 11,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O Banco do Brasil ficou pouco abaixo, com R$ 8,8 bilhões, um avanço de 4,5% sobre 2022. A seguir, vieram o Bradesco, com R$ 4,6 bilhões, com crescimento de 2,3%, e o Santander, com R$ 2,7 bilhões, e queda de 12% na comparação anual.
Na avaliação de Carlos André Vieira, analista de ações do TC, a plataforma de assessoria a investidores, o bom resultado do Itaú pode ser explicado por fatores como a manutenção da inadimplência num nível estável e presença de uma carteira de crédito para lá de robusta, que somou R$ 1,163 trilhão no último trimestre – a maior entre os concorrentes.
O lucro também ficou acima do esperado pelo mercado, cuja expectativa era de R$ 8,95 bilhões (e o valor superou os R$ 9 bilhões). “Além disso, o número representou um recorde”, diz Vieira. Isso tanto no trimestre como no ano.
De acordo com levantamento realizado pelo consultor financeiro Einar Rivero, considerados os nove primeiros meses deste ano, o lucro líquido do Itaú atingiu R$ 24,19 bilhões. Esse foi o maior valor nominal já alcançado por um banco listado na Bolsa brasileira (B3). O recorde anterior pertencia ao Banco do Brasil, com R$ 22,3 bilhões, em 2022.
Em segundo, mas bem
Para Vieira, o segundo colocado, o Banco do Brasil, ficou longe de apresentar um mau desempenho no último trimestre, apesar de ter perdido a liderança do ranking de lucro. Entre cinco itens-chave de desempenho observados pelo analista na comparação entre as instituições financeiras, o Banco do Brasil lidera três deles.
Ele tem a menor inadimplência de dívidas vencidas a mais de 90 dias, o maior índice de eficiência, que considera o tamanho das despesas em relação às receitas totais, e a maior taxa de retorno sobre o patrimônio (ROE, na sigla em inglês). Esse indicador mede a capacidade de uma empresa de produzir valor – ou obter lucro – a partir de recursos próprios.
Vieira observa que o balanço do Banco do Brasil foi afetado pelo aumento da provisão de recursos, por causa da dívida da Americanas. O banco já havia reservado R$ 788 milhões para atenuar o impacto de um eventual calote. No último trimestre, esse valor passou a ser de R$ 1,3 bilhão de reais — o equivalente a 100% da dívida. Os executivos da instituição justificaram o aumento, por causa de um adiamento da publicação das demonstrações financeiras da varejista.
Pior em três de cinco itens
No caso do terceiro colocado da lista, o Bradesco, considerados os mesmos cinco indicadores de desempenho, o banco está na pior posição em quatro deles (índice de eficiência, ROE, inadimplência e proteção contra calotes). Mesmo assim, nota o analista, há sinais de recuperação de alguns desses tópicos.” A Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) recuou mais de R$1 bilhão no último trimestre e houve queda do índice de inadimplência, se excluído o efeito da Americanas”, diz Vieira.
O melhor do trimestre
O último integrante do quarteto, o Santander, teve, na média, um trimestre melhor do que os concorrentes, apesar de o lucro ter caído em relação ao ano anterior. Uma análise de seis indicadores de desempenho, restrita ao período entre julho e setembro, coloca o banco em primeiro lugar em quatro deles. Ele avançou mais em tópicos como eficiência, ROE, inadimplência em 90 dias e lucro líquido ajustado (que subtrai valores destinados às reservas legais e para imprevistos do ano seguinte.
Mesmo assim, o Santander ainda tem de remar muito para alcançar os dois pares que ocupam o topo da lista. No quesito retorno sobre o patrimônio, por exemplo, um importante indicador de rentabilidade, o índice do Santander é de 13,1%. O Banco do Brasil tem 21,3% e o Itaú, que vem na cola, atinge 21,1%. Nesse caso, o Bradesco é que está no fim da fila, com 11,3%.
Fonte: Metropoles
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