Um estudo nos Estados Unidos mostrou o que pombos e IA têm em comum, e o resultado é surpreendente! Entenda mais sobre a pesquisa

Porto Velho, RO - O que pombos e IA têm em comum? Provavelmente você nunca parou para pensar nessa associação. No entanto, um estudo agora mostra que eles podem ter mais relação do que imaginamos.

Frequentemente, os pombos são vistos como pragas urbanas, e não costumam receber elogios por sua inteligência. Afinal, eles desviam de migalhas, trombam em carros e não voam de maneira coordenada. Em termos de sobrevivência, são nota zero na natureza.

No entanto, um estudo recente apresenta indícios de que essas aves têm habilidades de resolução de problemas comparáveis à Inteligência Artificial (IA).

O estudo saiu em 21 de setembro na revista iScience, mas somente em 25 de outubro pela Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos.

Um pesquisador dessa instituição, em colaboração com um colega da Universidade de Iowa, examinou as habilidades cognitivas de 24 pombos-comuns (Columba livia) adultos, machos e fêmeas.



Estudos anteriores

Uma pesquisa anterior, conduzida em 2017 por especialistas da Universidade de Iowa, já indicou que os pombos têm noção de espaço e tempo.

Outros estudos sugeriram que essas aves conseguem resolver tarefas complexas de categorização. Mesmo sem empregar os mesmos processos de pensamento humanos, como atenção seletiva e uso de regras explícitas, eles conseguiam bons resultados.

Buscando aprofundar a investigação, os cientistas avaliaram pombos que não tinham experiência prévia com estímulos visuais e as tarefas propostas, embora já tivessem passado por diversos testes em laboratório anteriormente.

Início dos testes

A equipe seguiu os procedimentos que passaram por aprovação pelo Comitê Institucional de Cuidado e Uso de Animais da Universidade de Iowa.

Com isso, conseguiram alojar individualmente os pássaros e mantendo-os com 85% de seu peso de alimentação livre.

Os pombos passaram por estímulos, como linhas de várias larguras e ângulos, anéis concêntricos e anéis seccionados.

Na prática, eles precisavam bicar um botão à direita ou à esquerda para indicar a categoria de cada estímulo. Acertando, recebiam recompensas diversas, como comida; errando, não recebiam nada.

Além disso, o estudo incluiu quatro tarefas diferentes, algumas mais desafiadoras que outras.

Por meio de tentativa e erro, os pombos aprimoraram suas taxas de acerto em um dos experimentos mais simples de cerca de 55% para 95%.

Mesmo em uma situação mais difícil, suas respostas corretas aumentaram de 55% para 68%.

O professor de psicologia da Universidade Estadual de Ohio, Brandon Turner, autor principal do estudo, uniu-se a seu colega Edward A. Wasserman, da Universidade de Iowa, para testar um modelo simples de IA e verificar se ele conseguia resolver problemas da mesma forma que os voadores.

Surpreendentemente, isso funcionou. Exatamente, pombos e IA compartilharam o mesmo entendimento e resolução de problemas.

Pombos e IA

O modelo de IA enfrentou as mesmas tarefas que as aves, utilizando os dois mecanismos simples presumidos pelos pesquisadores que os pombos empregavam: aprendizado associativo e correção de erros.

Com essa combinação complexa, a tecnologia fez previsões precisas, resultando em um aumento significativo na taxa de acertos.

Anteriormente, os pesquisadores acreditavam que os pombos dependiam exclusivamente do aprendizado associativo. Nesse caso, estabelece uma ligação entre dois fenômenos, como “água” e “molhado”.

Isso é semelhante à forma como os cães aprendem a associar comandos a petiscos, por exemplo.

No entanto, as aves demonstraram ser mais astutas do que se pensava. Conforme o especialista liderando a comparação entre pombos e IA, frequentemente se associa essas aves a uma categoria muito primitiva.

Contudo, eles são mais flexíveis do que se imagina, e esses resultados ficaram claros nos primeiros estudos.

Segundo o especialista, ao contrário dos humanos, essas aves não tentam criar regras, mas preferem utilizar o método de tentativa e erro.

Ele destaca que os princípios de aprendizado que orientam o comportamento dessas máquinas de IA são notavelmente parecidos aos que os pombos adotaram.



Superam humanos

Além disso, vale mencionar que, em certos tipos específicos de tarefas, os pássaros até superam os humanos.

Acredite se quiser, o cientista explica que, ao enfrentar tarefas parecidas com as dos animais voadores, os humanos geralmente enfrentam o desafio de tentar estabelecer regras que facilitem a realização da tarefa.

Dessa forma, não seguem o mesmo processo, que se mostrou mais rápido e mais simples do que o que propomos.

Assim, o professor sugere que a natureza pode ter seu próprio método incrivelmente eficaz de resolver problemas. Os genes naturais procuram não generalizar uma situação ou ultrapassar os limites, como os humanos fazem.

Ou seja, a visão simplificada e aprendizado simples, como o que agora colocamos nas máquinas, se mostra efetivo desde milhares de anos atrás.

Enquanto os humanos comemoram por terem criado a inteligência artificial, eles são superados por meras aves urbanas. Agora, esse estudo mostra que não devemos menosprezam pombos e IA, e que eles, de fato, tem muito em comum!

Fonte: Fatos Desconhecidos