Jair Bolsonaro e aliados depositam suas esperanças em um pedido de vista do ministro para adiar - e talvez até reverter - o desfecho do julgamento
Porto Velho, RO - Nos momentos finais do segundo dia do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na noite desta terça-feira (28), surgiram indícios de que o ministro Raul Araújo, próximo a proferir seu voto após o posicionamento favorável à inelegibilidade por parte do relator Benedito Gonçalves, não tem intenção de pedir vista do processo na próxima quinta-feira (29), quando a análise do caso será retomada na Corte. Ao tomar a palavra, Araújo solicitou apenas a suspensão do julgamento e seu reinício na quinta, justificando "o adiantado da hora".
Segundo fontes do TSE ouvidas pelo jornal O Globo de maneira reservada, o comportamento do ministro indica que ele não tem intenção de solicitar vista. Na opinião desses magistrados, se ele tivesse essa intenção, poderia tê-la manifestado de imediato, em vez de solicitar a continuidade da análise na próxima sessão.
Desde a última sexta-feira (23), quando Bolsonaro fez declarações que mencionaram nominalmente o ministro, especulava-se a possibilidade de interrupção do julgamento. Bolsonaro é acusado de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação devido a uma reunião com embaixadores ocorrida no ano passado, enquanto ocupava a presidência.
"O primeiro ministro a votar depois do relator, o ministro Benedito, é o ministro Raul. Ele é conhecido por ser um jurista com bastante apego à lei. Apesar de estar em um tribunal político eleitoral, há uma possibilidade de ele pedir vista. Isso é bom porque ajuda a gente a ir clareando os fatos", disse Bolsonaro em entrevista à Rádio Gaúcha na última sexta.
No entanto, informações dão conta que essa possibilidade é praticamente inexistente. Na próxima quinta-feira, quando o julgamento for retomado, a expectativa é de que Araújo vote normalmente e a análise da ação seja concluída. Os ministros do TSE não acreditam que haverá um pedido de vista, mesmo que possa haver votos divergentes em relação ao relator.
Nesta terça-feira, o ministro Benedito Gonçalves solicitou a condenação de Bolsonaro à inelegibilidade por oito anos devido aos abusos cometidos durante o encontro com diplomatas realizado em 18 de julho de 2022. Na ocasião, Bolsonaro fez ataques ao sistema eleitoral e às urnas eletrônicas sem apresentar provas.
Em um voto detalhado de mais de 300 páginas, o ministro, que é corregedor-geral da Justiça Eleitoral, identificou elementos de um discurso golpista contrário às eleições. Caso a maioria dos membros do TSE o acompanhe, Bolsonaro não poderá concorrer a eleições até 2030.
Fonte: Brasil247
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