Relatório feito pela empresa Sportradar, parceira da CBF e da Fifa, mostra que estamos no topo desse indesejável ranking mundial

Porto Velho, RO - Pelo tom da explicação dada nesta quarta-feira (10/5) por Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, para o escândalo da manipulação dos resultados, ficou a impressão de que as autoridades não sabem bem quais as providências que devem ser tomadas. Ou muito pior: os problemas estão apenas começando e podem tomar proporções inimagináveis.

“Não temos como suspender o Brasileirão. Não é (acusação) de um dirigente, não é de um presidente de clube, não é de um árbitro. Isso está sendo de atletas. A CBF espera que tenha um rigor de quem está fazendo as apurações. A CBF não tem poder polícia e Justiça”, admitiu, candidamente, o presidente Ednaldo Rodrigues.

Cabe relembrar que não estamos diante de um problema novo. Muito pelo contrário. Em setembro de 2005, o futebol brasileiro sofreu até então o maior golpe contra sua credibilidade, num esquema que ficou conhecido como a Máfia do Apito.

Árbitros estavam manipulando resultados de partidas dos principais torneios nacionais para ajudar apostadores a lucrarem com os placares encomendados.

No centro do escândalo, estava o notório juiz Edílson Pereira de Carvalho, com Paulo José Danelon, também árbitro.

De acordo com as investigações, Edilson e Danelon interferiram nos resultados dos jogos em que eram escalados para que favorecessem apostadores inescrupulosos. Os juízes recebiam cerca de R$ 10 mil por partida fraudada.

As suspeitas fizeram com que os 11 jogos apitados por Edilson fossem anulados e disputados novamente.

Não por acaso, os problemas causados agora por essa nova máfia suscitaram a hipótese de paralisação das Séries A e B do Brasileirão, mas o presidente da CBF preferiu não dar ouvidos a esse tipo de providência.

Brasil no topo do ranking

Em 2022, um levantamento divulgado pela Sportradar – empresa que mantem parcerias estratégicas com as maiores entidades esportivas do mundo, dentre as quais a Fifa e a CBF – apontou que o Brasil é o país que teve o maior número de jogos sob suspeita de manipulação de resultados em todo o planeta.

No total, foram 152 eventos em nosso país que estiveram sob suspeita no ano passado, sendo 139 no futebol. O segundo colocado no ranking é a Rússia com 92 partidas (ver ranking abaixo).

O relatório mostra que aqui no Brasil houve um crescimento de 34% no número de partidas suspeitas de manipulação, em relação a 2021. Nosso país está no topo desse nebuloso ranking das mais de mil atividades suspeitas ligadas a apostas esportivas no mundo todo.

O contrato da CBF com a Sportradar foi renovado recentemente e se estenderá até 2025. No acordo foi adicionado o Sistema Universal de Detecção de Fraudes (UFDS) para o monitoramento de apostas das principais competições, incluindo todos os estaduais.

Não deixa de ser uma boa notícia, embora ainda não seja possível dizer que os problemas acabaram, mas sabe-se que cerca de 3 mil jogos de futebol indicadas pela CBF serão monitoradas por ano por um Serviços de Inteligência e Investigações que promete ao menos tentar minimizar o estrago que o futebol brasileiro vem sofrendo por causa desse escândalo de manipulação.

O top 10 mundial

1 – Brasil, 152 jogos suspeitos em 2022
2 – Rússia, 92
3 – República Tcheca, 56
4 – Cazaquistão, 43
5 – China, 41
6 – Grécia, 40
7 – Argentina, 39
8 – Filipinas, 37
9 – Polônia, 36
10 – Tailândia, 35

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Fonte: Metropoles