Países dizem que o acordo, negociado pelas Nações Unidas e pela Turquia em julho, corre o risco de entrar em colapso
Porto Velho, RO - A Rússia acusou a Ucrânia, nesta quarta-feira (19), de sabotar o acordo de grãos do Mar Negro ao exigir subornos de proprietários de navios para registrar novas embarcações e realizar inspeções sob a cobertura de um acordo que as Nações Unidas (ONU) esperam poder aliviar uma crise global de alimentos.
Não houve comentários imediatos da Ucrânia sobre a alegação, feita pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia. Kiev culpou Moscou pelos problemas com o acordo. Moscou não forneceu imediatamente provas documentais para apoiar sua afirmação.
Rússia e Ucrânia dizem que o acordo, negociado pelas Nações Unidas e pela Turquia em julho, corre o risco de entrar em colapso no momento em que Polônia, Hungria e Eslováquia impuseram proibições de importação de grãos ucranianos.
A Rússia alertou repetidamente que não renovará o acordo depois de 18 de maio, a menos que o Ocidente concorde em suspender uma série de restrições a pagamentos, logística e seguros que, segundo o país, estão prejudicando suas próprias exportações agrícolas.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse em comunicado que o Centro de Coordenação Conjunta (JCC em inglês) em Istambul, que supervisiona o acordo, está enfrentando dificuldades com o registro de novas embarcações e inspeções.
Os problemas foram causados “exclusivamente como resultado das ações de representantes ucranianos, bem como representantes da ONU, que, aparentemente, não querem ou não podem resistir a eles”, disse ela.
Na mesma declaração, Maria acusou a Ucrânia de “tentar explorar a ‘iniciativa do Mar Negro’ tanto quanto possível, não se abstendo de abusos das regras de procedimento ou pedidos de subornos de armadores. Tudo para maximizar os lucros comerciais.”
Os proprietários de navios que se recusaram a pagar suborno aos ucranianos foram forçados a esperar por mais de um mês enquanto esperavam pelo registro, disse ela.
E as propostas russas para adicionar navios que transportam grãos para os países africanos necessitados foram “recebidas com hostilidade” pelos representantes ucranianos, disse ela, que então interromperam as inspeções de 27 navios que transportavam 1,2 milhão de toneladas de carga.
“O cálculo é simples – lançar uma máquina de propaganda com a ajuda dos ocidentais e das Nações Unidas e novamente ‘jogar a carta da comida'”, disse Maria.
Produtores agrícolas
A Rússia e a Ucrânia são dois dos principais produtores agrícolas do mundo e os principais players nos mercados de trigo, cevada, milho, colza, óleo de colza, semente de girassol e óleo de girassol. A Rússia também é dominante no mercado de fertilizantes.
Potências ocidentais impuseram duras sanções à Rússia devido à invasão em grande escala da Ucrânia, lançada em 24 de fevereiro do ano passado, algo que Moscou chama de “operação militar especial”.
As exportações de alimentos e fertilizantes da Rússia não são sancionadas. Mas Moscou diz que as restrições a pagamentos, logística e seguro representam uma barreira para as remessas que deseja eliminar.
Fonte: CNN Brasil
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