Com R$ 41,6 mil de salário bruto, Michelle Bolsonaro terá orçamento recorde à disposição para promover viagens e eventos pelo PL Mulher

Porto Velho, RO - Tratada como estrela do PL pelo presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro receberá salário “dobrado” em comparação com a última liderança feminina remunerada da sigla e terá uma verba milionária para gastar com viagens, eventos e cursos.

Os R$ 41,6 mil mensais que serão pagos a Michelle são fruto de uma promessa feita por Valdemar, ao garantir à ex-primeira-dama salário equivalente ao de um deputado federal. No cargo há um mês, ela recebe o mesmo que o marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), presidente de honra do PL.

Michelle assumiu o comando do PL Mulher, que teve como presidente provisória a deputada federal Soraya Santos (RJ). Por ter mandato parlamentar, ela não recebia salário do partido, e sim subsídio pago pela Câmara. Já a antecessora dela, Nilmar Gavino Ruiz, ex-prefeita de Palmas (TO), recebia R$ 17 mil de salário bruto, menos da metade do valor pago para Michelle Bolsonaro.


Michelle Bolsonaro ao tomar posse como presidente do PL MulherHugo Barreto/Metrópoles

A esposa de Bolsonaro é vista como um trunfo para atrair o público feminino para o PL, especialmente por causa da rejeição que o ex-presidente da República enfrenta entre as mulheres. A estratégia de Valdemar é utilizar a popularidade da ex-primeira dama, que já teve a imagem explorada na campanha eleitoral de 2022, para conquistar um bom desempenho nas eleições municipais do ano que vem.

Orçamento recorde

Ao tomar posse do cargo, no dia 21 de março, Michelle disse que irá percorrer o país “para ver pessoalmente as necessidades de cada município, de cada estado”. Para isso, terá à disposição o valor recorde de R$ 11 milhões, correspondente à cota de 5% do fundo partidário do PL que deve ser destinado à participação das mulheres na política, conforme determina a Lei Eleitoral.

Em 2021, no último balanço do partido divulgado pela Justiça Eleitoral, o PL Mulher utilizou apenas R$ 1,9 milhão em suas ações. Relatora da prestação de contas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a ministra Cármen Lúcia observou que o valor foi inferior ao que deveria ter sido reservado para a promoção feminina no partido, calculado em R$ 2,6 milhões para a ocasião.

PL Mulher: EAD, redes e eventos

Naquele ano, o dinheiro do PL Mulher foi gasto com eventos, viagens, promoção de redes sociais e vídeos para cursos a distância sobre liderança feminina. Quase um terço do valor foi utilizado na criação e manutenção de um portal chamado “Reaja Mulher” e de perfis com o mesmo nome no Twitter, Instagram, Facebook e YouTube. Passados dois anos, apenas as duas últimas redes permanecem no ar.

Outra empresa responsável pelo abastecimento de redes sociais abocanhou 18% dos gastos de 2021. Fotos, vídeos e postagens custaram cerca de R$ 30 mil mensais, embora os relatórios de audiência do PL Mulher, também disponibilizados na prestação de contas, indiquem postagens com baixa audiência. Em agosto daquele ano, por exemplo, o post mais lido do Facebook teve apenas 27 visualizações.

Fonte: Metropoles