O crime aconteceu no dia 3 de outubro de 2020 e, além dos homicídios JP vai responder pelos crimes de lesão corporal grave, roubo, dano qualificado

Porto Velho, RO - O Juízo da 2ª. Vara do Tribunal do Júri de Porto Velho marcou para o próximo dia 30 de março o julgamento de João Paulo Rodrigues da Silva, vulgo JP, acusado de envolvimento no assassinato dos policiais militares Márcio Rodrigues da Silva (sargento), e o tenente da Reserva, José Figueiredo Sobrinho.

O crime aconteceu no dia 3 de outubro de 2020 e, além dos homicídios JP vai responder pelos crimes de lesão corporal grave, roubo, dano qualificado, e crime de tortura. Além de JP, outros dois acusados foram denunciados, um deles absolvido, e outro teve a denúncia contra si extinta porque fora assassinado.

A DENÚNCIA

Segundo a denúncia do Ministério Público, baseada em investigações no inquérito da Delegacia de Crimes Contra a Vida, JP, acompanhado de outros dois comparsas Jefferson Rufino da Silva, vulgo Gel, e Gedeon José Duque, vulgo Índio, invadiram a Fazenda Nobrasil, em Mutum-Paraná e, de surpresa, todos armados, atiraram contra as vítimas José Figueiredo Sobrinho, Luiz Carlos Pimentel de Carvalho, Cleto de Souza Magalhães e Antônio Cosme de Souza Magalhães.

As vítimas só não foram mortas porque pularam no rio e uma delas, Luiz Carlos Pimentel, acabou sendo ferida com um tiro no braço. Segundo a Polícia, os três estavam prestando “serviço de segurança ilegal e armado” e não conseguiram executar as vítimas por “circunstâncias alheias às suas vontades” (as vítimas tiveram que fugir para não serem executadas).

As vítimas ainda tiveram seus pertences (cordões, alianças, relógios e anéis) roubados pelos meliantes e ainda submetidos à tortura, mediante o uso de violência extrema.

Segundo as testemunhas (vítimas), os acusados queriam que elas assumissem ser policiais em serviço ilegal de segurança privada da Fazenda Nobrasil, bem como para que informassem detalhes dessa alegada prestação de serviço de segurança privada da propriedade, tais como, o valor de remuneração pago pelo proprietário da fazenda, a localização de armamentos e a quantidade de integrantes da suposta milícia que estaria protegendo a sede da fazenda ocupada parcialmente pelo movimento Liga dos Camponeses Pobres.

Foi neste ambiente de violência, que ao tomarem conhecimento de que uma das vítimas era policial, que o grupo assassinou covardemente o tenente da reserva José Figueiredo. Não satisfeitos, o grupo ainda ateou fogo em um veículo de propriedade de uma das vítimas.

A sanha violenta do grupo não parou e, horas mais tarde, o grupo, mediante emboscada assassinou também o sargento Márcio Rodrigues. A vítima estava em companhia dos também policiais militares Cleber Emmerson Fernandes da Silva, Sandro dos Santos, Samara Barbosa da Silva e Fabiane Pereira que também não foram vítimas da emboscada.

INVESTIGAÇÕES

Segundo a Polícia Civil, Gedeon liderava um grupo de homens destinado a executar segurança armada nos arredores e dentro do local ocupado por integrantes do movimento agrário denominado “Liga dos Camponeses Pobres”, na Fazenda Nobrasil, e Gel e JP eram membros do grupo, responsáveis pelo serviço de ronda no acampamento.

No dia 2 de outubro de 2020, por volta das 18h, as vítimas Luiz Carlos Pimentel, Cleto de Souza Magalhães, Antônio Cosme de Souza Magalhães e José Figueiredo Sobrinho, amigos entre si, após combinarem uma pescaria, se dirigiram à fazenda da cunhada de Luiz Carlos, distante a 18 Km do local onde praticariam a pescaria.

No dia seguinte, em 3 de outubro de 2020, por volta das 7h, saíram para pescar. Por volta das 12h30, as vítimas foram surpreendidas pelos agressores que estavam acompanhadas de outras sete pessoas. Os milicianos utilizavam armamento pesado como fuzil, metralhadora e espingarda de repetição. Foi com esse armamento que as vítimas por pouco não foram mortas porque pularam no rio e ergueram o braço como sinal de rendição.

As vítimas foram rendidas sob a constante mira de armas de fogo e deram início a uma longa e severa sequência de agressões físicas contra as vítimas, que foram duramente espancadas e subjugadas com chutes e coronhadas das armas usadas pelos denunciados.

Após serem agredidas ainda tiveram seus pertences roubados, agredidas e submetidas a interrogatório. Foi durante a revista no acampamento que eles encontraram o documento do policial militar Figueiredo, que foi levado para um local distante e executado.

Após a tortura, os denunciados ordenaram que as vítimas, todos despidos e descalços, voltassem correndo à sede da Fazenda. As vítimas foram socorridas na UPA do Distrito de Jaci Paraná e, posteriormente, transferidos ao Pronto-Socorro João Paulo II, nesta Capital.

Fonte: Redação