Unidos do Guaporé, escola tradicional de samba em Costa Marques (RO), promove o carnaval na cidade há mais de décadas

Porto Velho, RO - Desde a década de 90, a Escola de Samba Unidos do Guaporé resgata a cultura dos desfiles na região. Para este ano, com o retorno da folia nas ruas, o enredo do desfile será a cultura dos Povos Indígenas do Vale do Guaporé.

A expectativa é que o desfile envolva pelo menos 200 brincantes como sambistas, passistas, entre outros.

A Unidos do Guaporé, escola tradicional de samba em Costa Marques (RO), promove o carnaval na cidade há mais de décadas.

A escola de samba começou pelo amor ao carnaval por parte de Cliuson Torres, diretor cultural e um dos fundadores do grupo.


Escola vai levar Povos Indígenas como tema de carnaval em 2022 — Foto: Arquivo pessoal

Quando criança, Cliuson diz ter feito uma apresentação de dança incentivado por sua tia, Marileide Gonçalves, que, mais pra frente, fundou a escola com ele.

“Aos meus 19 anos, quando presenciei os desfiles das escolas de samba de Guajará Mirim, em 1996, voltei pra Costa Marques, chamei amigos e familiares, relatei a experiência e juntos realizamos o primeiro desfile. Minha tia fazia as fantasias e eu corria atrás dos apoios”, contou.

O diretor também lembra que, na década de 70, a cultura dos desfiles de Carnaval na cidade era forte e, por isso, a Unidos do Guaporé foi responsável por ressuscitar a folia carnavalesca.

Desde a fundação da escola em Costa Marques, os desfiles nunca pararam e, neste ano, as cores vão tomar conta das avenidas da cidade pelo 27º ano consecutivo.

“Movimentamos a economia local, recebemos turistas da Zona da Mata e todos os municípios da região do Vale do Guaporé”, disse.

Além dos hotéis, as pessoas conseguem uma renda extra com as barracas para vender comidas, bebidas e acessórios.

‘A história não pode morrer'

Segundo Cliuson, mesmo conseguindo algumas parcerias e apoios, ainda há certa dificuldade pelo caminho para organizar o desfile anual.

"É muito difícil tentar mostrar para o estado que o interior também tem potencial turístico cultural”, desabafou.

Por isso, a escola faz eventos com objetivo de arrecadar fundos. No último sábado (4), por exemplo, eles fizeram o “Samba, feijão e esporte” para comprar instrumentos novos à escola.

Mas a palavra de ordem é: “persistência”.

“Trabalhamos com as escolas de educação do município e estado falando da cultura local e história da escola [de samba] para que, assim, nossa história seja contada para nossos alunos e nossa história não morra”, contou.

Além disso, de acordo com o diretor, 70% da bateria é formada por crianças e adolescentes com assiduidade na sala de aula e boas notas. “O intuito é passar para as gerações futuras o amor pela escola”, disse.


Adereços para escola entrar na avenida estão sendo preparados — Foto: Arquivo pessoal

Expectativa

O desfile deste ano da escola está marcado para 21 de fevereiro e a ansiedade já toma conta do grupo. Cliuson contou que cerca de 200 brincantes farão a festa, distribuídos nas alas de sambistas, passistas, baianas, porta bandeira e bateria.

Nos últimos anos, segundo a escola, mais de 5 mil pessoas assistiram de perto o desfile. De acordo com o diretor, a preparação para 2022 é uma das melhores, já que nos últimos dois anos a festa não aconteceu em decorrência da pandemia de Covid-19.

“Estou negociando fantasias com bumbás da capital e a diretoria está confeccionando com material que sobrou do último desfile. Sempre busco parceria aqui com entidades culturais e busco apoio com conterrâneos amigos”, explicou os preparativos.

“Queremos manter viva a cultura local, como também a valorização da Associação Carnavalesca Escola de Samba Unidos do Guaporé, com intuito de passar para as gerações futuras o amor pela escola”, disse.

Exposição

O diretor da escola de samba também preparou um espaço em Porto Velho para atender o público que ama o carnaval.

A ideia é contar a história da escola de samba desde sua fundação, dos primeiros desfiles até os dias atuais. O espaço está localizado na Duque de Caxias, 1351, no centro da capital, das 14h às 18h.


Exposição foi montada em Porto Velho para mostrar história — Foto: Arquivo pessoal

Fonte: G1/RO