Como a disputa está apertada, e cada voto é precioso, Samuel ingressa no jogo com o passe valorizado, podendo até mesmo ser um elemento de decisão

Porto Velho, RO – Considerado ainda inexpressivo no cenário político rondoniense, o suplente de senador Samuel Pereira de Araújo (PSD), que está no mandato substituindo o titular Marcos Rogério (PL), pode acabar se tornando destaque numa disputa de gigantes em Brasília pela presidência do Senado Federal.

Mas, por trás dessa história há uma grande articulação política que revela como funcionam os bastidores do poder tanto aqui no Estado quanto na capital federal.

Tido como um dos principais financiadores da campanha que em 2018 levou Rogério a vencer as eleições e ficar com a primeira vaga entre as duas que estavam em disputa no Senado Federal na ocasião, Samuel vinha se mantendo discreto, mas nos bastidores se falava que ele poderia assumir o mandato em 2.023, independente do que ocorresse na aventura política que o titular da vaga havia se metido.



E, pelo sim ou pelo não, o fato é que Samuel acabou ficando com a vaga, pelo menos por um período de um ano, após o pedido de afastamento de Rogério, que teria sido motivado por motivo de doença na família, conforme alegado.

Aí entrou em cena um articulador político local, que também sofreu revés na campanha eleitoral, assim como seu filho, e entrou em cena para atrair Samuel ao seu grupo político, tirando-o da esfera de influência do PL de Rogério. O autor da façanha foi Expedito Junior, que trouxe o novo senador para o seu partido, e colocou na manga uma carta política que poderia lhe garantir a sobrevivência na cena, através do filho Expedito Netto.

Junior ainda tem amigos na capital federal, entre eles Rodrigo Pacheco, que luta para se manter na presidência do Senado, enfrentando oposição justamente do PL, o que de certa forma valorizou a carta de Expedito, que garantiu que seu novo aliado votará em sua permanência no comando da Casa.

Como a disputa está apertada, e cada voto é precioso, Samuel ingressa no jogo com o passe valorizado, podendo até mesmo ser um elemento de decisão.

E, para fechar a equação, a recondução de Pacheco à presidência do Senado tem sido tratada como uma espécie de “terceiro turno” entre lulistas e bolsonaristas, sendo que tal resultado é de extremo interesse do atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

E é aí que Expedito recebe sua troca na jogada, e através de Pacheco indicará o filho Expedito Netto para ocupar cargo de destaque no Ministério da Pesca, cuja composição ainda está sendo efetivada, e é uma das moedas de troca do jogo político de Brasília.

Nada anormal, nada ilegal e tampouco questionável, apenas a forma como a engrenagem se move e outra demonstração de que quem uma derrota política em alto escalão, caso da que ocorreu com Marcos Rogério em outubro passado, é capaz de movimentar drasticamente o tabuleiro do jogo.

Outro aspecto a acrescentar diante do crescimento de Samuel dentro do contexto político neste momento em que se retomam as atividades do Legislativo federal diz respeito a bancada rondoniense no Senado Federal.

A situação criada acaba colocando o outro senador estreante de Rondônia numa espécie de berlinda, posto que Jaime Bagattoli (PL), eleito em outubro passado, já se posicionou publicamente como oposição a Lula, inclusive no que diz respeito a disputa pela presidência do Senado, declarando voto ao opositor de Pacheco.

Tal fato cria expectativa negativa de parte dos rondonienses com relação ao mandato dele, uma vez que o Estado precisa mais do que nunca de apoio federal para atender demandas históricas, e neste momento ter alguém na posição em que Jaime foi lançado como opositor do governo da União não ajuda em nada nesta questão.

Fonte: Redação