Presidente disse que houve ‘incompetência, má vontade, ou má fé' dos responsáveis pela segurança pública do Distrito Federal

Porto Velho, RO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento sobre os atos antidemocráticos realizados em Brasília neste domingo, 8. A partir de Araraquara, no interior de São Paulo, Lula assinou um decreto para autorizar uma intervenção federal na segurança pública em Brasília até o dia 31 de janeiro.

Segundo ele, o objetivo da intervenção é “pôr termo a grave comprometimento da ordem pública no Estado do Distrito Federal, marcada por atos de violência e invasão de prédios públicos”.

O decreto é uma resposta ao ato deste domingo, quando a Praça dos Três Poderes foi tomada por bolsonaristas radicais que invadiram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, pedindo intervenção das Forças Armadas e a prisão de Lula. Os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro chegaram até o terceiro andar do Planalto, onde fica o gabinete do presidente da República.

Lula afirmou ainda que “é preciso que essa gente seja punida de forma exemplar, de forma que ninguém nunca mais ouse, com a bandeira nacional nas contas, ou com a camiseta da seleção brasileira, para se fingirem de nacionalistas, de brasileiros, façam o que eles fizeram hoje”.

Ele comparou os invasores com nazistas e fascistas e disse que o governo vai identificar e responsabilizar todos os responsáveis, inclusive quem financiou os atos. “Vamos descobrir quem foram os financiadores desses vândalos que foram a Brasília e pagarão com a força da lei por esse gesto antidemocrático.”

Veja o decreto:

O presidente responsabilizou o ex-mandatário Jair Bolsonaro por incentivar seus apoiadores a realizarem atos violentos e antidemocráticos. “Esse genocida não só provocou isso, como também, quem sabe, está estimulando ainda pelas redes sociais”, afirmou.

Lula relembrou suas derrotas em eleições presidenciais antes de 2002 e disse que, apesar de ter perdido tantas vezes, seu partido nunca foi às ruas questionar os resultados.

“Em nenhum momento vocês viram qualquer militante do meu partido, qualquer militante de esquerda fazer qualquer objeção ao presidente da Republica eleito”, disse o presidente.

‘Incompetência’

Para Lula, a Segurança Pública do Distrito Federal, liderada até a tarde de domingo por Anderson Torres — que foi exonerado pelo governador Ibaneis Rocha depois da invasão —, não foi suficiente para conter o avanço dos golpistas.

“Eles invadiram, quebraram muitas coisas e, lamentavalmente, quem tem que fazer a segurança do Distrito Federal é a Polícia Militar do Distrito Federal, que não fez”, afirmou o presidente. “Houve, eu diria, incompetência, má vontade ou má fé das pessoas que cuidam da segurança pública”, alegou.

Ele disse ainda que essa não foi a primeira vez que isso ocorreu e mencionou o ocorrido em sua diplomação, em 12 de dezembro, quando bolsonaristas queimaram ônibus e carros, e tentaram invadir a sede da Polícia Federal. “Vocês viram aquele quebra quebra à noite e a PM de Brasília estava guiando eles e não fazia absolutamente nada”, disse.




Fonte: Estadão