Presidente colombiano Gustavo Petro sugere reunião urgente da OEA e fala em golpe de Estado. Até governo do Equador, aliado de Jair Bolsonaro, manifesta apoio a Lula e rechaça agressão aos poderes instituídos

Porto Velho, RO - As cenas de tomada e depredação das sedes dos três poderes em Brasília por grupos extremistas do bolsonarismo que rejeitam a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva causaram repercussão internacional e motivaram a sugestão de convocação de reunião urgente da Organização dos Estados Americanos (OEA). O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, aliado de Lula, afirmou que há em curso uma tentativa de golpe de Estado por parte de fascistas.

Governantes e chancelarias de outros países, como Estados Unidos, França, Chile, Argentina, Equador e Espanha, já se manifestaram contra os ataques e em apoio a Lula.

“Toda minha solidariedade a Lula e ao povo do Brasil. O fascismo decidiu dar um golpe”, afirmou Petro. “As direitas não conseguiram manter o pacto de não violência.”
Petro sugeriu a convocação de uma reunião de emergência da OEA. “É hora urgente de reunião da OEA se ela quer seguir viva como instituição e aplicar a carta democrática”, escreveu no Twitter.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou que o governo Luta tem todo respaldo contra um ataque “covarde e vil” à democracia. “Ataque inadmissível aos três poderes do Estado brasileiro por parte de bolsonaristas. O governo brasileiro conta com todo nosso respaldo frente a esse covarde e vil ataque à democracia”, reagiu Boric, também no Twitter.
O governo Joe Biden avalia publicar uma manifestação, em Washington, a respeito dos ataques antidemocráticos. O encarregado de negócios Douglas Koneff, atual chefe interino da representação diplomática em Brasília, condenou a agressão ao Executivo, Legislativo e Judiciário. Segundo o diplomata, os atos são injustificáveis e a “violência não tem lugar nenhum” na democracia.
A embaixada norte-americana orientou os cidadãos do país a evitar a área da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes, tomadas por golpistas e atos violentos.
O presidente francês Emmanuel Macron tuitou em português: A vontade do povo brasileiro e as instituições democráticas devem ser respeitas! O presidente Lula pode contar com o apoio incondicional da França.
O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, disse dar todo apoio a Lula e às instituições brasileiras.

“Todo meu apoio ao presidente Lula e às instituições eleitas livre e democraticamente pelo povo brasileiro. Condenamos veementemente o assalto ao Congresso brasileiro e pedimos o retorno imediato à normalidade democrática”, disse o líder espanhol.
Até mesmo governos de direita rechaçaram as ações de apoiadores de Jair Bolsonaro. A chancelaria do Equador, país sul-americano governado por Guilhermo Lasso, aliado do ex-presidente brasileiro, afirmou que o Lula foi eleito de forma legítima.
“O Equador condena os acontecimentos contra a institucionalidade no Brasil e reitera seu apoio irrestrito à democracia e ao governo eleito legitimamente”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores e Mobilidade Humana.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse que os extremistas merecem o “rechaço absoluto” da comunidade internacional e punição. Ele expressou repúdio aos ataques em Brasília e incondicional apoio a Lula diante “da tentativa de golpe de Estado que enfrenta”. Atualmente à frente do Mercosul e da Celac, ele alertou todos os países membros para que se unam contra a “inaceitável reação antidemocrática que tenta se impor no Brasil”.

“Demonstremos com firmeza e unidade nossa total adesão ao governo eleito democraticamente pelos brasileiros liderado pelo presidente Lula. Estamos junto ao povo brasileiro para defender a democracia e não permitir nunca mais o regresso dos fantasmas golpistas que a direita promove”, escreveu o presidente argentino.

“A democracia é o único sistema político que garante a liberdade e nos obriga a respeitar o veredito popular”, afirmou Fernández. “Quero expressar meu repúdio ao que está acontecendo em Brasília. Meu incondicional apoio e do povo argentino a Lula frente à tentativa de golpe de Estado que está enfrentando.”

Fonte: Folha de São Paulo