PF investiga se vandalismo está relacionado aos atos com motivação golpista

Rodrigo Viga Gaier
REUTERS


Porto Velho, RO - As quedas de duas torres de transmissão do sistema Eletrobras, entre a noite de domingo e madrugada da última segunda-feira (9), ocorreram após sabotadores cortarem os cabos de fixação, chamados de estais, disseram três fontes com conhecimento da situação.

Os atos de vandalismo ocorreram após a invasão dos prédios Três Poderes, no domingo, e a Polícia Federal investiga se estão relacionados aos atos com motivação golpista e abriu três inquéritos. Neste contexto, medidas para ampliar a segurança em refinarias da Petrobras também foram acionadas, diante de ameaças.

As torres caíram em sistemas de Furnas (no Paraná), na madrugada de segunda-feira, e da Eletronorte (Rondônia), na noite de domingo, sem resultar em problemas para o fornecimento de energia, já que esquemas alternativos foram acionados.

Torre de transmissão de energia instalada na zona rural de Itapuã do Oeste, em Rondônia - Eletronorte/Reprodução

Uma terceira torre, do grupo Evoltz --em linha que vai de Rondônia a São Paulo (Complexo Madeira)--, também foi derrubada na madrugada de segunda-feira, com indícios de sabotagem pelo corte dos estais.

"Foram encontradas evidências de sabotagem", disse uma fonte em condição de anonimato.

"Na linha do Paraná foram encontrados fios cortados, num sinal de vandalismo", disse uma segunda fonte também em condição de sigilo. "Houve corte de estais ou soltura de parafusos".


Elas explicaram que as torres derrubadas, do tipo estaiadas (fixadas por cabos), são menos comuns no sistema brasileiro de transmissão, que conta mais com as chamadas autoportantes, fixas no solo.

Não havia imediatamente informações sobre os suspeitos de participar da derrubada das torres.

Procurada, a Eletrobras não comentou o assunto imediatamente.

Segundo as fontes, a linha do Paraná foi normalizada na manhã desta sexta-feira, enquanto a linha da Eletronorte, em Rondônia, havia sido reativada na quarta-feira. A torre do Complexo do Madeira deve voltar a operar ainda nesta sexta-feira, segundo uma das pessoas com quem a Reuters falou.

No caso paranaense, documento publicado pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) também apontou avarias em três outras torres do empreendimento, além dos indícios de "sabotagem" ou "vandalismo".

Em nota, o Fase (Fórum das Associações do Setor Elétrico), entidade que reúne 27 associações do setor, elogiou a criação do Gabinete de Acompanhamento da Situação do Sistema Elétrico Brasileiro, que foi aberto nesta semana pelo ONS, sob coordenação MME (Ministério de Minas e Energia) e da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), após a derrubada das torres.

O Fórum sugeriu, ainda, que uma estrutura permanente seja criada para atuar no combate a atos de sabotagem.

"A estrutura a ser constituída teria por finalidade assegurar a proteção da infraestrutura de serviço público federal, por meio da integração entre os órgãos afetos à governança setorial, com o intuito de prevenir e combater tais ataques", disse o Fase.

TORRE DE TRANSMISSÃO DA TAESA SOFRE DANOS APÓS ATO DE SABOTAGEM, DIZ EMPRESA

A transmissora de energia Taesa informou nesta sexta-feira (12) que uma de suas torres de transmissão em Rio das Pedras, no interior de São Paulo, sofreu danos após um ato de sabotagem na véspera, e que o fato foi reportado à reguladora Aneel e ao MME.

A empresa pontuou ainda que "os danos provocados não resultaram em interrupção da prestação do serviço público de transmissão de energia elétrica".

A Taesa não detalhou o que foi danificado. O ativo atacado foi concedido à Taesa, na linha de Assis a Sumaré.

"As equipes da Taesa estão atuando na recomposição do ativo, com o objetivo de evitar outros danos", acrescentou a empresa.