Jair Bolsonaro na festa do Peão de Barretos, no interior de São Paulo, em agosto - Miguel Schincariol - 26.ago.22/AFP

Porto Velho, RO - A bancada ruralista, uma das mais influentes do Congresso, obteve uma taxa de reeleição na Câmara um pouco acima da média geral dos deputados que disputaram novamente o cargo. A Frente Parlamentar da Agropecuária tem atualmente 247 deputados e faz parte da base do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Desse total, 202 disputaram um novo mandato na Câmara. Saíram-se vitoriosos 133, ou seja, cerca de 65% de índice de reeleição. Considerando toda a composição da Câmara, essa taxa foi de 60,6%.

O presidente da bancada, Sérgio Souza (MDB-PR), que também se reelegeu, espera que novatos se associem ao grupo, que, segundo ele, pode ultrapassar a marca de 255 integrantes na próxima legislatura.

"Estamos preparando um diagnóstico, mas tudo indica que a frente parlamentar sairá reforçada", disse ele. A Câmara tem, ao todo, 513 deputados. Além de Souza, outros líderes ruralistas conseguiram renovar o mandato, como Alceu Moreira (MDB-RS), que liderou a bancada nos primeiros anos do atual governo.

Ambos atuaram para que o MDB declarasse apoio a Bolsonaro no segundo turno. O partido, no entanto, ficou neutro e liberou os diretórios estaduais na disputa entre o presidente e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A terceira colocada no pleito presidencial, Simone Tebet (MDB), declarou apoio ao petista.

"Agora que a eleição ao Congresso passou, vamos entrar 100% na campanha do Bolsonaro. Isso vale para deputados estaduais, federais, governadores, agora prontos para ajudar na reeleição do presidente", disse Alceu.

Para Souza, o resultado da eleição para o Congresso impõe desafios para Lula, caso ele seja eleito presidente —embora afirme que a possibilidade de vitória do PT não existe. "É um Congresso mais forte e que quer pautas do agro, quer as causas da família; um perfil mais conservador", disse o deputado.

Outdoor em Sinop (MT) pede que eleitores não votem na esquerda - Roberto Dias/Folhapress

Do lado petista, aliados de Lula esperam que o apoio de Tebet amplie o diálogo com ruralistas.

Líderes da bancada do agro, porém, dizem que isso não será suficiente para que o setor majoritariamente bolsonarista embarque na candidatura do petista.

O empresário Carlos Ernesto Augustin, que auxilia a campanha do ex-presidente, afirmou que outra ideia é levar Lula a um encontro com a elite ruralista num evento no Instituto Pensar Agropecuária, presidido pelo ex-deputado Nilson Leitão (PSDB).

Leitão é consultor da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), que defende a reeleição de Bolsonaro. Ele também foi um dos articuladores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Alinhados com o presidente Bolsonaro, representantes do setor afirmam, desde o início da campanha, que a articulação do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) não reduzirá a resistência à candidatura de Lula.

Candidato a vice-presidente na chapa com o petista, o ex-tucano foi escalado para fazer a ponte com os ruralistas e atrair votos no terreno de forte tendência bolsonarista.

Fonte: FOLHA