À esquerda, arqueólogo escava o sítio de Filipos, na Grécia. À direita, imagem reconstrói a estátua de Hércules encontrada - Ministério da Cultura da Grécia - 16.set.22/YPPOA

Porto Velho, RO - Uma estátua do herói mitológico grego Hércules do século 2º d.C. foi descoberta por uma equipe de arqueologia da Universidade Aristóteles de Tessalônica, no sítio de escavações de Filipos, no nordeste da Grécia.

O artefato revela uma imagem do herói na juventude, com dimensões maiores que a altura média de uma pessoa.

O grupo de pesquisa iniciou os trabalhos escavando o ponto de encontro entre uma das principais vielas, da parte leste da cidade em ruínas, e outra alameda, que leva à parte norte da cidade.

A intersecção das ruas culmina em uma praça, dominada por um edifício adornado, onde especialistas apontam ter sido o ponto em que havia uma fonte ou um chafariz. A estátua guardava a fachada da construção e foi encontrada relativamente preservada.

Os pesquisadores asseguram que a figura representa Hércules, e os indícios que levam a essa conclusão estão na própria obra.

A estátua trazia na cabeça uma coroa de folhas de videira, amarrada por fitas que se estendem até a altura dos ombros. A mão direita segurando uma clava —arma semelhante a um porrete, encontrada em fragmentos no entorno da escavação— e a cabeça de um leão pendurada na mão esquerda, atestam tratar do personagem da mitologia grega.


A representação desses objetos fazem referência à primeira tarefa, do total de 12 trabalhos, que Hércules, o filho de Zeus, recebeu como missão do rei Euristeu –daí a expressão "tarefa hercúlea".

Na mitologia, o semideus foi incumbido de matar o Leão de Nemeia— uma fera imbatível que aterrorizava os homens da região e cujo couro era impenetrável por flechas e lanças. Hércules lutou com a criatura usando sua clava e conseguiu deixá-lo inconsciente com um único golpe.

O filho de Zeus teria, então, estrangulado o leão e arrancado seu couro com as mãos, passando a usar a pele como uma capa protetora, e a cabeça, como um elmo. Por conta desse mito, o herói é frequentemente representado empunhando a clava e a cabeça do animal.

Segundo os estudos do sítio de Filipos, a estátua foi construída antes do edifício —estima-se que a construção remeta ao século 8 d.C. Arqueólogos indicam, nesse sentido, que a decoração de prédios e espaços públicos com estátuas do período clássico e romano perdurou até o final do período bizantino (1453 d.C).

Filipos é considerada patrimônio da humanidade pela Unesco. Fundada pelo rei Felipe 2º da Macedônia no século 4º a.C., a cidade foi restaurada nas décadas seguintes pelos romanos à imagem e semelhança da capital imperial. Era um importante centro urbano, atravessado pela rota que conectava a Europa à Ásia.

A ocupação romana tratou de erguer fóruns, templos e uma acrópole. Posteriormente, a cidade se tornou ponto importante para a fé cristã e palco de peregrinações religiosas. Há, nas ruínas de Filipos, o retrato definitivo da expansão do Império Romano e, sobretudo, da ascensão e sincretismo do cristianismo.


Mergulhadores na Grécia carregam itens do naufrágio, cujos restos incluíam uma cabeça de mármore que se acredita ser uma representação de Hé Nikos Giannoulakis/Swiss School of Archaeology in Greece/Hellenic Ministry of Culture and Sports

A pesquisa e os resultados foram divulgados pelo Ministério da Cultura da Grécia, que prometeu continuar as escavações no ano que vem.

Em julho deste ano, outra estátua do semideus foi descoberta por arqueólogos. A escavação de um navio no fundo do mar Egeu recuperou o que pesquisadores acreditam ser a cabeça de mármore de uma estátua de Hércules da antiguidade romana, também de cerca de 2.000 anos atrás.

A Europa têm assistido a uma série de revelações de artefatos arqueológicos. O intenso verão deste ano reduziu o nível dos rios e descobriu objetos antes ocultados no leito da correnteza.

O rio Danúbio, por exemplo, teve a seca mais grave do século, e naufrágios de navios da Segunda Guerra Mundial foram expostos à superfície. Na Itália, a pior estiagem dos últimos 70 anos revelou bombas, do mesmo período que os navios do Danúbio, no leito do rio Pó.

Bem mais distante, no sudeste da China, o recuo no nível do rio Yangtze causado pela seca revelou uma ilha submersa na cidade de Chongqing. No local foi descoberto um trio de estátuas budistas de 600 anos