Humorista estava internada no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul. Artista era conhecida por interpretar a Dona Cacilda, da 'Escolinha do Professor Raimundo', e Edileuza, em 'Sai de Baixo'

Porto Velho, RO - A atriz e humorista Claudia Jimenez, de 63 anos, morreu no início da manhã deste sábado (20). Famosa por seus papéis cômicos na TV, como Dona Cacilda da "Escolinha do Professor Raimundo" e Edileuza de "Sai de Baixo", ela estava internada no Hospital Samaritano, em Botafogo. A artista já havia passado por três cirurgias no coração e por tratamento de radioterapia para combater um câncer no tórax.

A causa da morte ainda não foi divulgada. O velório será neste sábado, das 12h às 16h30, no Salão Celestial do Memorial do Carmo, no Caju.

Destaque no humor

Nascida no Rio de Janeiro em 1958, Claudia Maria Patitucci Jimenez formou-se no Curso Normal, especializando-se em dar aula para crianças. Em paralelo, dedicava-se ao teatro amador no Tijuca Tênis Clube, e logo deslanchou na carreira de atriz.

Em 1978 faz sua estreia no teatro profissional, interpretando a divertida prostituta Mimi Bibelô na primeira montagem da "Ópera do Malandro", de Chico Buarque, ao lado de Ary Fontoura e Marieta Severo. Vendo sua atuação no musical, o produtor Maurício Shermann a convidou para fazer um teste na TV Globo.

Claudia chegou à telinha em 1979, na série "Malu Mulher". Na década seguinte, ela esteve em "Os Trapalhões", trabalhou por quatro anos no programa "Viva o Gordo", com Jô Soares, e também da série "Armação ilimitada".

Já em 1982 iniciou uma parceria com Chico Anysio, ao lado de quem viveu várias personagens, como a ninfomaníaca Pureza e a sádica enfermeira Alda. Mas foi como a atrevida Dona Cacilda, da "Escolinha do Professor Raimundo" (1990-1995) que Claudia ganhou maior destaque para o público.

A aluna Cacilda desconsertava o professor Raimundo (Anysio), com suas tiradas de duplo sentido sexual. Seu bordão era "beijinho, beijinho, pau pau", em referência à música "Beijinho, beijinho, tchau, tchau", da apresentadora Xuxa, inspiração também para o visual de Cacilda.

Em uma entrevista ao Fantástico, em 2014, Claudia contou que Cacilda foi a personagem que mais amou. "Não era nem propriamente pelo personagem, mas pelo que eu vivi ali dentro. Foram seis anos de gargalhadas".

Em 1996, veio outro grande personagem: Edileuza, empregada fogosa e desbocada da série "Sai de baixo", ao lado de Miguel Falabella, Aracy Balabanian, Luís Gustavo e Tom Cavalcanti. Apesar de ter ficado apenas em uma temporada, Edileusa marcou a história do programa.

Também em 1996 veio seu grande sucesso no teatro, o monólogo "Como encher um biquíni selvagem", com texto e direção do amigo Miguel Falabella. Em 2003, ao lado de Falabella, fez "Batalha de arroz num ringue para dois, de Mauro Rasi. No ano seguinte, dividiu o palco com Ernani Moraes, na comédia "Pequeno dicionário amoroso", de Jorge Fernando. Em 2010, participou do espetáculo "Mais respeito que sou tua mãe!", escrita pelo argentino Hernán Casciari e dirigida por Falabella.

Nas novelas, ela fez uma participação especial na primeira versão de "Ti-ti-ti" (1985) e esteve em "Torre de Babel (1998), "As filhas da mãe" (2001), "América" (2005), "Sete Pecados (2007), "Negócio da China" (200*) e "Aquele beijo" (2011). Em 2014, ela ainda participou da série "Sexo e as negas", de Miguel Falabella. Seu último papel na TV Globo foi em "Haja coração", em 2016.

Prêmios

A artista recebeu várias premiações por seus trabalhos. O principal deles foi o de melhor atriz no Festival de Cinema de Brasília, na edição de 1991. Neste ano, Cláudia concorreu pelo filme "O Corpo" e levou o troféu para casa. Claudia interpretou Bia na comédia dirigida por José Antônio de Barros Garcia. A personagem era uma das duas mulheres do protagonista Xavier (Antônio Fagundes), também casado com Carmen (Marieta Severo).

A artista também venceu o Prêmio APCA, oferecido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1991, pelo papel de Dona Cacilda, na "Escolinha do Professor Raimundo".

Claudia também foi nomeada para o prêmio de melhor atriz no Troféu Imprensa, de 1999, por seu trabalho na novela "Torre de Babel". Em 2008, recebeu duas indicações ao Prêmio Contigo! de TV nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Par Romântico (com o ator Rodrigo Phavanello, seu namorado na época).

Vida pessoal

A artista foi casada com a personal trainer Stella Torreão entre 1998 e 2008. Sem citar nomes, Jimenez também contou que engatou relacionamentos com outras famosas. “A Stella não foi a primeira. Eu já tinha namorado outras. É que são pessoas conhecidas, e não posso falar nomes para não expor [risos]. Mas essas eu só namorei.”

Após o término com Stella, a atriz namorou o ator Rodrigo Phavanello, seu par romântico na novela "Sete Pecados". Em entrevista a Antônia Fontenelle em 2018, o ator disse que acreditava ter sido o primeiro homem com quem Claudia se relacionou. "Ela sempre se relacionou com mulher (...) Eu acho que fui o primeiro homem dela. Fui extremamente apaixonado por ela", contou Phavanello.

Em 2010, Jimenez e Torreão retomaram o relacionamento e voltaram a viver juntas. “Se você perguntar: ‘Você é casada?’. Digo: ‘Sou’. Costumo dizer que a nossa separação não deu certo. Ela é tão dentro da minha vida, e eu da dela, que a única parte que a gente não vive é a erótica”, revelou.

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Saúde

Em 1986, a atriz foi diagnosticada com um câncer no mediastino, uma região do tórax, e precisou fazer radioterapia - um tratamento que, segundo os médicos, pode ter enfraquecido os tecidos de seu coração.

De fato, nos anos seguintes, Claudia enfrentou três cirurgias cardíacas: em 1999, vítima de enfarte, colocou cinco pontes de safena; em 2012, precisou substituir a válvula aórtica; em 2013, precisou se afastar das gravações da novela "Além do Horizonte" para colocar um marcapasso, intervenção realizada em 2014.

Fonte: O Globo