O fundador da Luxottica, Leonardo Del Vecchio, em Paris - 16.jan.2017/AFP/Essilor/Divulgação

Claudia Cristoferi
Giulia Segreti
MILÃO | REUTERS

Porto Velho, RO - Leonardo Del Vecchio, o italiano que saiu da pobreza na infância para construir o império de óculos dono de marcas como Ray-Ban e Oakley, morreu aos 87 anos, anunciou sua empresa nesta segunda-feira (27).

Del Vecchio acrescentou um toque de estilo italiano aos óculos e se tornou um dos homens mais ricos da Europa, investindo parte de sua fortuna em participações no grupo financeiro Mediobanca e na seguradora Generali, ambos italianos.

O bilionário fundou a empresa Luxottica em 1961, inicialmente para fornecer peças para óculos, e permaneceu como presidente e principal acionista do maior grupo de óculos do mundo depois de somar forças com a francesa Essilor em 2018.

O estilista Giorgio Armani foi um dos que homenagearam Del Vecchio, com quem ele trabalhou desde os anos 1980.

"Juntos, inventamos um fenômeno que não existia: percebemos imediatamente que os óculos, de simples objetos funcionais, se tornariam acessórios de moda indispensáveis", disse Armani.

A história de "pobreza à riqueza" de Del Vecchio, que foi criado parcialmente num orfanato, refletiu a própria recuperação da Itália após a Segunda Guerra Mundial.


"Uma figura de destaque nos negócios italianos durante mais de 60 anos, Del Vecchio criou uma das maiores empresas do país partindo de origens humildes", disse o primeiro-ministro Mario Draghi, chamando o empresário de "um grande italiano".

A mídia italiana disse que Del Vecchio morreu no hospital San Raffaele, em Milão, após ser internado com pneumonia.

Ele permaneceu uma figura ativa e influente nos negócios italianos, e sua morte foi um choque.

"A EssilorLuxottica anuncia hoje que seu presidente faleceu", disse o grupo em comunicado, acrescentando que o conselho se reunirá para "determinar os próximos passos".

Ele permaneceu como presidente-executivo da EssilorLuxottica até dezembro de 2020, quando entregou a condução diária da empresa ao executivo-chefe Francesco Milleri, um antigo aliado.

A influência de Del Vecchio se estendeu além de seu próprio negócio, e no final de 2021 ele era o segundo homem mais rico da Itália, atrás de Giovanni Ferrero, do grupo que fabrica Nutella, segundo a revista Forbes.

Sua morte levanta perguntas sobre o que será de sua participação de 32% na EssilorLuxottica e de outros investimentos. Ele teve seis filhos, mas nenhum herdeiro designado publicamente.

Sua holding Delfin é a maior acionista do grupo italiano de serviços financeiros Mediobanca e tem participação de pouco menos de 10% na maior seguradora da Itália, Generali. Também detém cerca de 27% da empresa imobiliária Covivio, cotada em Paris e Milão.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves