
Regulamentação acelerou logística reversa no setor eletroeletrônico


A regulamentação para reciclagem e logística reversa do setor de eletroeletrônicos e eletrodomésticos foi publicada há dois anos, com o Decreto 10.240, o que impulsionou o processo no Brasil, segundo o presidente da Abree, Sergio de Carvalho Mauricio.
De acordo com ele, a logística reversa começa a partir da decisão consciente do consumidor, cujo produto eletroeletrônico ou eletrodoméstico não tem mais serventia, de descartar o equipamento em um local adequado. “É aí que começa o processo da logística reversa, com essa atitude do consumidor final de descartar de maneira responsável, permitindo que esse produto possa seguir o caminho da reciclagem”, disse Mauricio.
Reinserção na cadeia
A Abree se encarrega de efetuar a remoção dos equipamentos descartados nos pontos de recebimento, transportando-os até os recicladores ou empresas de manufatura reversa. “São aquelas que vão pegar o eletroeletrônico, proceder à sua desmontagem de maneira responsável, tanto do ponto de vista ambiental como trabalhista, e garantindo que isso não vai oferecer risco para o meio ambiente nem para os trabalhadores”, explica Mauricio.
“Todos os materiais (metais, plásticos, vidros) que compõem o eletroeletrônico acabam sendo separados, segregados, picados e se tornam matéria-prima para que possam ser reinseridos no processo produtivo”, completa.
Esse processo, segundo o presidente da Abree, traz grande benefício para a sociedade como um todo. “Primeiro, porque a gente evita que materiais tenham uma destinação que sejam lixões, aterros sanitários ou, pior ainda, que vão parar nas praias, rios, terrenos baldios. Outro benefício trazido pela reciclagem e logística reversa para o meio ambiente é que, quando essas matérias-primas são reaproveitadas em uma cadeia produtiva, os fabricantes deixam de comprar matérias-primas virgens que, muitas vezes, são recursos não renováveis e, de certa forma, acabam comprometendo, ou podem vir a comprometer, o meio ambiente”.
Na avaliação de Mauricio, essa cadeia da logística reversa tem outro ponto positivo que é a movimentação de pessoas, desde catadores, cooperativas, que fazem a coleta desses materiais, transportadores e, por fim, as pessoas que trabalham nessa logística reversa, gerando empregos e renda.
A Abree é uma entidade sem fins lucrativos, mantida por 54 empresas fabricantes e importadoras do setor de eletroeletrônicos. Além do esforço de catadores, cooperativas, varejistas e transportadoras, o presidente da Abree observou que é necessário também que haja conscientização do consumidor final sobre a importância do descarte ambientalmente correto.
Coleta

Central de Logística Reversa de Eletroeletrônicos, em Realengo, na zona oeste. - Tomaz Silva/Agência Brasil
“Todos esses produtos são destinados de maneira ambientalmente correta, com certificados de destinação final por empresas registradas nos órgãos ambientais.”
Para 2022, a intenção é aumentar esse número e enfrentar um outro desafio: o trabalho de conscientização do cidadão brasileiro.
A associação tem feito pesquisas em conjunto com universidades para entender o comportamento do consumidor em relação à destinação final de eletroeletrônicos.
Segundo Mauricio, o brasileiro sabe da existência da reciclagem, mas não atua em favor dela.
“Se cada um, mídia, associações, fabricantes de produtos, comerciantes, puder levar um pouco mais de informação e conscientização para o consumidor, eu acho que, em conjunto, nós conseguimos acelerar essa mudança de coletar que, com certeza, vai deixar o país muito melhor para as próximas gerações”, destaca Mauricio.
Fundada em 2011, a Abree tem o intuito de definir e realizar a gestão da logística reversa de produtos eletroeletrônicos e eletrodomésticos pós-consumo no Brasil, garantindo a destinação final adequada. A associação é responsável pela contratação, fiscalização e auditoria dos serviços prestados por terceiros, para a implementação de sistemas coletivos de logística reversa.
Fonte: Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
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