No Dia Mundial da Adoção, Débora e Renato relembram a decisão de tornar Elisa parte da família. Segundo a Justiça de Rondônia, a adoção é dificultada porque as crianças aptas à adoção não se encaixam no "perfil exigido" pelas famílias.
No Dia Mundial da Adoção, comemorado nesta quarta-feira (25), Débora e Renato relembram a decisão de adotar Elisa em Rondônia, há mais de três anos, e como as vidas deles foram transformadas desde então.
"Ela funciona aqui em casa como um combustível. Muitas vezes a gente enfrenta situações difíceis e momentos delicados. Quando a gente chega em casa e se depara com o sorriso dela, com esse olhar de gratidão, tudo faz sentido", apontou Renato.
E a história da família começou de forma muito simples, como o amor à primeira vista.
"Eu vi uma foto com a busca ativa da Vara da Infância de Rondônia e, naquele dia, me apaixonei, eu sabia que eu tinha encontrado a minha filha. Quando nós chegamos para encontrar nossa filha, eu nunca vi uma criança tão feliz. Parecia que ela já sabia que a família dela estava esperando", relembra Débora.
História da Elisa
De acordo com informações do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO), Elisa caiu da cama durante a grande cheia do Rio Madeira em 2014 e se afogou na água que alagava a casa em Porto Velho. Ela ficou meses no hospital, em situação grave, mas lutou pela vida e sobreviveu.
Com sequelas permanentes por conta do acidente, os genitores da menina alegaram que não tinham condições financeiras e psicológicas de cuidar dela. Então a menina foi acolhida em um abrigo e ficou sob os cuidados do Estado.
Ela foi adotada em 2018, depois que o Juizado da Infância e da Juventude de Porto Velho abriu uma busca ativa e encontraram Débora e Renato.
Segundo a mãe, a adoção não foi uma decisão fácil, considerando que depois do acidente Elisa se tornou dependente de cuidados especiais. Ela aproveita para reforçar sobre a possibilidade e importância da adoção de pessoas com deficiência.
"É possível você amar o outro, independente das limitações que ele tem. Cada evolução da nossa filha é como se fosse a melhor coisa do mundo. A gente aprendeu com a Elisa a ver os detalhes e valorizar as pequenas coisas".
Débora e os filhos, Elisa e Pedro — Foto: Tribunal de Justiça de Rondônia/Reprodução
"Adoção é um ato de amor. É a forma mais simples de amar outro ser humano, independente do laço sanguíneo. Para ter uma família não tem nada a ver com ter o mesmo sangue", continua.
Acolhimentos e adoções em Rondônia
Ainda de acordo com o TJ-RO, atualmente existem 159 crianças acolhidas no estado. Dessas, 17 estão prontas para a adoção. O órgão reforça ainda que, apesar de existirem 261 pretendentes ativos [pessoas que querem adotar], a conta não fecha porque as crianças aptas não têm o "perfil exigido" por essas famílias.
Uma dessas crianças que ainda aguarda uma família é a Yasmin. No último ano, a Vara da Infância abriu uma busca ampliada de possíveis pais, mas não apresentou resultado positivo até o momento.
Busca ativa procura família para Yasmin — Foto: TJ-RO/Divulgação
Em entrevista, a assistente social do Núcleo Psicossocial da Vara de Proteção à Infância e Adolescência de Rondônia, Emeriana Silva, informou que a idade mais avançada e o diagnóstico de Síndrome de Down estão entre os fatores que dificultam a adoção de Yasmin.
"É importante preparar-se para receber um filho (a) real e não imaginário. A adoção exige que cada pai, cada mãe, se desprenda de certos paradigmas e se abra para aceitar aquela criança ou aquele adolescente com toda sua "bagagem", toda sua história de vida", ressalta.
Passo a passo do processo de adoção
Se informar sobre as documentações necessárias e prepará-las;
Fazer um pedido de habilitação para adoção na Vara da Infância;
Participar do curso preparatório para a adoção;
Passar por avaliação psicossocial.
Caso o pedido de habilitação seja aprovado através de sentença judicial, os candidatos serão inscritos no Sistema Nacional de Adoção para aguardar a notificação de uma criança que se encaixe no perfil escolhido.
Fonte: G1/RO
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