
Porto Velho, RO - Em entrevista à Christiane Amanpour, da CNN, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que os objetivos da Rússia seguem os mesmos desde o início da operação: desmilitarizar e neutralizar a Ucrânia, se livrar de batalhões neonazistas e o reconhecimento dos territórios independentes.
“Ninguém tem raiva da Ucrânia nem dos ucranianos, apenas daqueles proíbem que se fale russo, dos que carregam símbolos nazistas nas ruas, dessas pessoas que querem a Otan ameaçando a Rússia”, afirmou Peskov.
Confira abaixo a íntegra da entrevista com o porta-voz do governo russo:
Sobre as ameaças de Vladimir Putin usar armas nucleares, Peskov descartou, a princípio: “caso haja uma ameaça existencial à Rússia, então isso pode ser uma consequência, não há outras razoes mencionadas nesse texto.”
O governo russo, seguindo ordem do presidente Vladimir Putin, não classifica a invasão da Ucrânia como “guerra”. O termo utilizado por autoridades do país é o adotado desde o primeiro dia em que tropas russas cruzaram a fronteira: “operação militar especial”.
Tanto na imprensa da Rússia, composta pela mídial estatal, quanto em manifestações oficiais, o termo “guerra” nunca é utilizado. Além disso, o Kremlin insiste na afirmação de que a Ucrânia sofre a ameaça de neonazistas e nacionalistas.
Durante reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o embaixador da Rússia, Vasily Nebenzya, afirmou que grupos nazistas atiram propositalmente em ucranianos que tentam fugir do país. A narrativa foi repetida na entrevista de Peskov à CNN, que quando questionado sobre os constantes ataques à cidade de Mariupol, negou mais uma vez os ataques a civis e acusou tropas nacionalistas ucranianas de impedir a fuga dos moradores.
Falta de alimentos na Ucrânia
De acordo com informações da agência de socorro Mercy Corps, algumas cidades na Ucrânia não têm mais do que três ou quatro dias de comida. A instituição alerta que o sistema humanitário no país “está totalmente quebrado”. Acompanhe ao vivo acima a programação da CNN.
Segundo o representante da instituição, Steve Gordon, pequenas organizações da sociedade civil ucraniana ajudam áreas onde os corredores humanitários fracassaram. Pelo menos 70% da população de Kharkiv e Sumy depende inteiramente da ajuda, estimou Gordon.
“Uma das nossas maiores preocupações no momento é a vulnerabilidade da cadeia de suprimentos. Sabemos que a maioria dos municípios em áreas onde os combates mais intensos não têm mais do que três a quatro dias de itens essenciais, como alimentos”, disse o representante.
O conselheiro de resposta humanitária da Mercy Corps na Ucrânia está em Kharkiv, local de alguns dos combates mais pesados desde a invasão russa.
“Enquanto as Nações Unidas estão recebendo ajuda em algumas áreas, vimos através do fracasso dos corredores humanitários que muitas pessoas estão sobrevivendo apenas com o apoio de pequenas organizações da sociedade civil ucraniana, como grupos religiosos, que estão coordenando entregas essenciais, como alimentos e medicamentos. suprimentos.
Essas incríveis redes de voluntários estão trabalhando o máximo que podem, mas estão esticadas ao máximo”, completou Gordon.
Novas explosões em Kiev
Várias explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, nesta terça-feira (22), enquanto a cidade passa por um toque de recolher. Uma equipe da CNN testemunhou uma das explosões, que foi tão forte que chegou a disparar o alarme de alguns carros pela cidade.
Segundo o assessor do Ministério do Interior, Anton Gerashchenko, defesas aéreas ucranianas destruíra um míssil russo, e os destroços caíram no rio Dnieper, que divide Kiev.
A guerra entre russos e ucranianos está perto de completar um mês nesta semana. Os russos dominaram cidades de regiões separatistas e cercaram a capital. Negociações entre as delegações têm conseguido pouco avanço.
Sobre o toque de recolher, o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, disse que a medida terá duração até as 7 horas de quarta-feira (23). O horário de Kiev está cinco horas à frente do de Brasília.
Veja imagens de ataque que destruiu shopping e deixou oito mortos na capital ucraniana:

Vista aérea de shopping destruído em Kiev, Ucrânia, após ataque aéreo russoCrédito: Emin Sansar/Anadolu Agency via Getty Images

A Rússia nega que ataque alvos civis e rechaça as acusações de que esteja cometendo crimes de guerraCrédito: NurPhoto via Getty Images
“Lojas, farmácias, postos de gasolina, instituições não vão funcionar amanhã [terça-feira]”, disse. “Por isso, peço a todos que fiquem em casa ou em abrigos ao som de um alarme. Somente aqueles com permissão especial poderão circular pela cidade”, acrescentou.
Também nesta terça, as forças ucranianas recuperaram o controle da cidade de Makariv, a 48 quilômetros de Kiev, após dias de combates, informaram através das redes sociais as Forças Armadas da Ucrânia. Makariv havia sofrido danos significativos de ataques aéreos russos nos últimos dias.
A “bandeira do estado da Ucrânia foi hasteada sobre a cidade de Makariv” quando os russos recuaram, informou as Forças Armadas da Ucrânia através das redes sociais. A CNN não pôde confirmar de maneira independente a alegação.
Até segunda-feira (21), 925 civis foram mortos na Ucrânia desde o início da invasão russa, de acordo com uma atualização do Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Fonte: CNN Brasil
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