
Estudo do Instituto Trata Brasil avalia os indicadores de saneamento básico dos 100 maiores municípios do Brasil. Cidades de São Paulo, Paraná e Minas Gerais ocupam as primeiras posições, enquanto que cidades do Rio de Janeiro e de estados das regiões Norte e Nordeste estão entre as últimas.
Estes são apenas alguns dos destaques do atual cenário do saneamento básico no Brasil, segundo um estudo do Instituto Trata Brasil divulgado nesta terça-feira (22) para celebrar o Dia Mundial da Água. O documento considera os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), referentes ao ano de 2020.
Para entender melhor a situação do país, o estudo analisa os indicadores de saneamento das 100 maiores cidades do país, que concentram aproximadamente 40% da população brasileira.
Os destaques destas cidades são os seguintes:
- A cobertura de água tratada aumentou de 93,5% para 94,4% entre 2019 e 2020.
- A população com acesso a coleta de esgoto também cresceu de 74,5% para 75,7%.
- Já o esgoto tratado passou de 62,2% para 64,1%.
- Na contramão dos outros indicadores, a perda de água na distribuição aumentou de 35,7% para 36,3%. Neste caso, o aumento significa piora, já que mais água está sendo desperdiçada.
A presidente-executiva do Trata Brasil, Luana Pretto, destaca que a melhora da maioria dos indicadores é positiva, mas o ritmo é abaixo do esperado. “A tendência de melhora é baixa. Nós vemos um ganho de 0,9, 1,2 e 1,9 ponto percentual nos indicadores, o que ainda é muito pouco para a realidade que nós temos no país”, diz.
Essa situação é ainda mais grave quando são comparadas as 20 melhores com as 20 piores do país, segundo Pretto. “Existe uma discrepância muito grande. A população atendida com coleta de esgoto nas melhores é de 95,5%, enquanto que, nas piores, é de 31,8%”, diz.
Segundo ela, umas das principais correlações que o estudo estabelece é que, quanto mais investimentos são feitos no setor do saneamento, melhores são os serviços e os indicadores. Isso pode parecer óbvio, mas, na prática, significa que as cidades com indicadores péssimo e com grande necessidade de investimento gastam muito menos do que as cidades com bons indicadores e com serviços melhores.
“O investimento por habitante, ou seja, quantos reais foram investidos por habitante do município, mostra esta diferença. Entre as melhores cidades, o investimento é de R$ 135,24 por pessoa. Já entre as piores, é de R$ 48,90”, diz Pretto.
Por isso, de forma geral, as melhores cidades seguem melhorando e permanecendo no grupo das melhores, enquanto as piores seguem estagnadas nas últimas posições.
Veja a seguir quais são estas cidades (e veja o ranking completo no final do texto).
As 20 melhores cidades
- Santos (SP)
- Uberlândia (MG)
- São José dos Pinhais (PR)
- São Paulo (SP)
- Franca (SP)
- Limeira (SP)
- Piracicaba (SP)
- Cascavel (PR)
- São José do Rio Preto (SP)
- Maringá (PR)
- Ponta Grossa (PR)
- Curitiba (PR)
- Vitória da Conquista (BA)
- Suzano (SP)
- Brasília (DF)
- Campina Grande (PB)
- Taubaté (SP)
- Londrina (PR)
- Goiânia (GO)
- Montes Claros (MG)
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Orla de Santos, no litoral de São Paulo. A cidade lidera o ranking do saneamento básico, feito pelo Instituto Trata Brasil — Foto: Divulgação
As 20 piores cidades
- Macapá (AP)
- Porto Velho (RO)
- Santarém (PA)
- Rio Branco (AC)
- Belém (PA)
- Ananindeua (PA)
- São Gonçalo (RJ)
- Várzea Grande (MT)
- Gravataí (RS)
- Maceió (AL)
- Duque de Caxias (RJ)
- Manaus (AM)
- Jaboatão dos Guararapes (PE)
- São João de Meriti (RJ)
- Cariacica (ES)
- São Luís (MA)
- Teresina (PI)
- Recife (PE)
- Belford Roxo (RJ)
- Canoas (RS)
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Vista aérea de Macapá. A cidade tem os piores indicadores de saneamento básico entre os 100 maiores municípios do Brasil, segundo o Trata Brasil — Foto: GEA/Divulgação
Diferenças regionais e políticas públicas
O estudo destaca que, historicamente, as cidades dos estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais ocupam as primeiras posições do ranking. Na outra ponta, entre os piores municípios, estão principalmente cidades das regiões Norte e Nordeste e do estado do Rio de Janeiro.
“Essa diferença está relacionada ao estabelecimento de políticas públicas que incentivem o saneamento”, diz Luana Pretto.
“O Sudeste é muito forte em termos de política pública e de estabelecimento de metas. Já o Norte é uma região em que, muitas vezes, as empresas do setor foram sucateadas. Não há investimento adequado.”
É possível constatar estas diferenças regionais por meio dos indicadores. Embora a média de cobertura de água tratada entre as 100 maiores cidades seja de 94,4%, em Porto Velho, por exemplo, apenas 32,9% da população tem acesso a este serviço.
Já em relação ao serviço de coleta de esgoto, Piracicaba e Bauru, no interior de São Paulo, coletam 100% do esgoto produzido. Já Ananindeua, no Pará, coleta apenas 4,1%.
“São cidades que geralmente não têm planos municipais de saneamento e não há o estabelecimento de metas, nem a fiscalização e o aporte de recurso para realizar estas metas”, diz Pretto.
Cobertura de água e esgoto melhorou nas 100 maiores cidades do país, mas o desperdício aumentou, aponta estudo do Instituto Trata Brasil — Foto: Kayan Albertin/g1
O estudo também avaliou como o investimento em saneamento básico evoluiu entre 2016 e 2020 nas capitais do país. Neste período, foram investidos cerca de R$ 23 bilhões nestas cidades, sendo que São Paulo realizou quase metade desse investimento (R$ 11 bilhões). A capital paulista é seguida por Brasília (R$ 1,5 bilhão) e pelo Rio de Janeiro (R$ 1 bilhão).
Já considerando o investimento médio anual por habitante, Cuiabá foi a capital que mais investiu, com R$ 213,33 por pessoa. A segunda capital que mais investiu foi São Paulo, com R$ 180,97, seguida de Natal, com R$ 141,21.
O patamar nacional médio de investimento anual por habitante para atingir a universalização do saneamento, de acordo com dados do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), é de R$ 113,30. A média das capitais, porém, ficou abaixo disso: R$ 91,03.
Os patamares mais baixos foram observados em João Pessoa, com R$ 26,36 por habitante, em Maceió, com R$ 21,61 por habitante, e em Macapá, com R$ 11,25 por habitante – o que justifica parcialmente sua posição como último do ranking.
Segundo Pretto, considerando que 2022 é um ano eleitoral, é importante que as pessoas tenham cada vez mais noção sobre a situação de saneamento básico do país para poder cobrar mais melhorias.
"O saneamento básico é um serviço que reflete diretamente na vida das pessoas. A partir do momento em que a dona Maria entende os reflexos positivos em educação, turismo, saúde, é importante que ela cobre que avanços sejam executados", diz. "Nós sabemos que leva um tempo para ter avanço em saneamento. Por isso que é necessário ter planejamento adequado, metas e recursos. É um tema importante que deve ser debatido e cobrado."
Veja o Ranking do Saneamento Básico completo:
- Santos (SP)
- Uberlândia (MG)
- São José dos Pinhais (PR)
- São Paulo (SP)
- Franca (SP)
- Limeira (SP)
- Piracicaba (SP)
- Cascavel (PR)
- São José do Rio Preto (SP)
- Maringá (PR)
- Ponta Grossa (PR)
- Curitiba (PR)
- Vitória da Conquista (BA)
- Suzano (SP)
- Brasília (DF)
- Campina Grande (PB)
- Taubaté (SP)
- Londrina (PR)
- Goiânia (GO)
- Montes Claros (MG)
- Sorocaba (SP)
- Palmas (TO)
- Niterói (RJ)
- Campinas (SP)
- Praia Grande (SP)
- Petrópolis (RJ)
- Uberaba (MG)
- Campo Grande (MS)
- Jundiaí (SP)
- São José dos Campos (SP)
- Boa Vista (RR)
- Santo André (SP)
- Petrolina (PE)
- Ribeirão Preto (SP)
- Anápolis (GO)
- João Pessoa (PB)
- Belo Horizonte (MG)
- Taboão da Serra (SP)
- Salvador (BA)
- Diadema (SP)
- Campos dos Goytacazes (RJ)
- Caruaru (PE)
- Porto Alegre (RS)
- Rio de Janeiro (RJ)
- Osasco (SP)
- Sumaré (SP)
- Aparecida de Goiânia (GO)
- Mauá (SP)
- São Bernardo do Campo (SP)
- Serra (ES)
- Contagem (MG)
- Carapicuíba (SP)
- Vitória (ES)
- Mogi das Cruzes (SP)
- Cuiabá (MT)
- Betim (MG)
- Itaquaquecetuba (SP)
- Guarujá (SP)
- São Vicente (SP)
- Florianópolis (SC)
- Ribeirão das Neves (MG)
- Caxias do Sul (RS)
- Aracaju (SE)
- Paulista (PE)
- Olinda (PE)
- Blumenau (SC)
- Mossoró (RN)
- Guarulhos (SP)
- Feira de Santana (BA)
- Juiz de Fora (MG)
- Vila Velha (ES)
- Natal (RN)
- Bauru (SP)
- Nova Iguaçu (RJ)
- Santa Maria (RS)
- Fortaleza (CE)
- Camaçari (BA)
- Joinville (SC)
- Caucaia (CE)
- Pelotas (RS)
- Canoas (RS)
- Belford Roxo (RJ)
- Recife (PE)
- Teresina (PI)
- São Luís (MA)
- Cariacica (ES)
- São João de Meriti (RJ)
- Jaboatão dos Guararapes (PE)
- Manaus (AM)
- Duque de Caxias (RJ)
- Maceió (AL)
- Gravataí (RS)
- Várzea Grande (MT)
- São Gonçalo (RJ)
- Ananindeua (PA)
- Belém (PA)
- Rio Branco (AC)
- Santarém (PA)
- Porto Velho (RO)
- Macapá (AP)
Fonte: G1/RO
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