
Mulheres no mercado financeiro: 5 principais desafios e como romper barreiras
Porto Velho, RO - A participação feminina no mercado financeiro tem avançado. No entanto, ainda há obstáculos que dificultam a ascensão profissional das mulheres.
Embora a presença delas em cargos de liderança tenha alcançado 37% no Brasil, a desigualdade persiste. Apenas 23% dos cargos de CEO em empresas de médio porte são ocupados por mulheres. Além disso, a diferença salarial entre homens e mulheres na mesma função continua sendo uma realidade.
Juliana Tescaro, diretora do Grupo Studio, tem 15 anos de experiência no setor, com passagem por instituições como Itaú e Citibank. Ao longo de sua trajetória, ela percebeu cobranças diferenciadas para mulheres.
“Era preciso provar competência o tempo todo, enquanto, para os homens, algumas oportunidades pareciam mais naturais”, afirma.
Um levantamento aponta que 38,5% das mulheres CEOs no Brasil estão envolvidas em ações de Diversidade, Equidade e Inclusão. Esse número ainda está abaixo da média global de 46,8%.
Conciliar carreira e vida pessoal
A rotina intensa do mercado financeiro impacta decisões pessoais. Muitas profissionais adiam planos como casamento e maternidade devido à exigência de constante atualização.
“A dedicação que precisamos ter afeta todas as escolhas pessoais”, diz Juliana.
Ela destaca que essa cobrança existe para todos, mas para as mulheres há uma expectativa adicional de equilibrar a vida profissional e pessoal de maneira diferente dos homens.
Desigualdade salarial
Mesmo com as mesmas funções e desempenho, mulheres ainda recebem salários menores. No setor financeiro, onde os ganhos podem ser elevados, essa disparidade fica mais evidente.
“Era frustrante ver homens no mesmo cargo ganhando mais”, comenta Juliana.
Para ela, a diferença não se deve à falta de competência, mas a um padrão que perpetua a desigualdade.
Voz ativa em cargos de liderança
A presença feminina em cargos de gestão tem aumentado. No entanto, ainda há desafios.
Mesmo em posições de liderança, muitas mulheres relatam que suas decisões são menos reconhecidas. “A última palavra ainda costuma vir de um homem, mesmo quando uma mulher tem igual ou maior experiência”, afirma Juliana.
Ela acredita que o caminho para mudar essa realidade passa por um posicionamento firme e pela construção de uma cultura organizacional que valorize a diversidade.
Viés de gênero e estereótipos
O mercado financeiro ainda associa liderança feminina a estereótipos. Mulheres são frequentemente rotuladas como “duronas” ou “difíceis” quando adotam posturas assertivas.
“Enquanto um homem firme é visto como líder, uma mulher com a mesma atitude pode ser considerada inflexível”, aponta Juliana.
Para ela, essa visão reforça a necessidade de mudanças na percepção sobre estilos de gestão.
Busca contínua por capacitação
A atualização constante é exigida de todos no setor. Porém, para mulheres, há um desafio adicional: a necessidade de comprovar conhecimento técnico com mais frequência do que os homens.
“O networking e a experiência prática impulsionam carreiras masculinas, enquanto as mulheres precisam validar continuamente sua qualificação”, explica Juliana.
Para acompanhar as exigências do setor, a gestão eficiente do tempo se torna essencial.
O cenário está mudando, e a presença feminina no mercado financeiro cresce. Mulheres que conquistam espaço pavimentam o caminho para outras profissionais, ampliando a diversidade e trazendo novas perspectivas para o setor.
Fonte: Carta Capital
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